Toninho Cecílio revela como deu 'chapéu' no São Paulo
Neste domingo, Grêmio e Palmeiras se enfrentam pelo 1º jogo da final da Copa do Brasil, às 16h (de Brasília). Para abrir vantagem na briga pela taça, o Imortal conta com os gols do veterano Diego Souza, que já balançou as redes 28 vezes em 52 partidas na temporada.
Ídolo da torcida tricolor, Diego também teve passagem importante em sua carreira pelo Verdão, clube que representou entre 2008 e 2010, com 34 gols em 130 partidas e um título do Campeonato Paulista.
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Em janeiro de 2008, o anúncio da contratação do meio-campista pela equipe alviverde foi bastante surpreendente, já que o atleta vinha de temporada espetacular em 2007 pelo próprio Grêmio, conduzindo o clube à final da Conmebol Libertadores.
No entanto, o Palmeiras, auxiliado pela parceria com a empresa de marketing esportivo Traffic, venceu a concorrência com o São Paulo e fechou com o jogador que era à época 'o mais cobiçado do Brasil', segundo Toninho Cecílio, gerente de futebol alviverde naqueles tempos.
Em entrevista à ESPN, Toninho lembrou os bastidores daquela contratação, que foi fechada por 3,75 milhões de euros (cerca de R$ 10 milhões na cotação da época) pagos ao Benfica, de Portugal, que era o dono dos direitos de Diego Souza.
O ex-zagueiro contou como foi a intensa briga contra o São Paulo, que queria Diego de todo jeito, já que ele o grande nome da classificação do Grêmio sobre o Tricolor paulista nas oitavas da Libertadores, e relatou a conversa na qual conseguiu convencer o badalado atleta a ir para o Palestra Itália.
'O MAIS COBIÇADO DO BRASIL'
Toninho comparou a contratação de Diego Souza, em 2008, à chegada do atacante Dudu ao Palmeiras, em 2015.
No caso de Dudu, Corinthians e São Paulo disputavam a chegada do baixinho, mas o Verdão acabou dando um 'chapéu' inesperado e fechou com o atleta, que se tornaria ídolo no Palestra Itália.
Já com Diego Souza, o grande rival palmeirense era o clube do Morumbi, à época bicampeão brasileiro e força dominante do futebol nacional.
'A situação do Diego Souza foi muito parecida com a do Dudu, em 2015. O Diego era o jogador mais cobiçado do Brasil naquela época, e vários clubes estavam atrás dele', recordou Cecílio.
'No final de 2007, nós firmamos a parceria com a Traffic, e eles disponibilizavam o dinheiro para trazermos alguns jogadores de peso que a gente queria. Elas contratavam os jogadores que a gente não tinha os recursos para contratar. E o Diego era o grande nome do futebol brasileiro na reta final de 2007', seguiu.
'Tivemos uma primeira reunião com a Traffic e com o Vanderlei Luxemburgo, que era o técnico que havia acabado de chegar para a vaga do Caio Júnior. O primeiro nome colocado na mesa foi o do Diego, e depois do (zagueiro) Henrique e do (atacante) Keirrison, que eram os destaques do Coritiba. O Henrique veio junto com o Diego Souza, mas o Keirrison só viria em 2009', rememorou.
Na opinião de Toninho, a chegada de Diego Souza ajudou o Palmeiras a sair do patamar modesto dos anos anteriores, quando reinou a política do 'bom e barato' no Palestra Itália.
'A chegada do Diego foi o grande estouro do mercado de transferências internas naquele ano. Foi um grande diferencial, porque ele caiu muito bem no time logo de cara. Foi um nome que marcou uma virada no Palmeiras, pois a gente vinha de problemas financeiros em 2007, e, em 2008, demos uma arrancada boa, uma mudança de patamar. Ele foi pela importante nisso', dissertou.
'Ele tem muita força e personalidade. Na época, era um meio-campista completo, com muita movimentação. Hoje, joga como camisa 9 e se adaptou na função muito bem também. Além de tudo, é jogador de jogo grande, decisivo. Sempre gostei muito dele, é um atleta muito perigoso', complementou.
'NO SÃO PAULO, VOCÊ SERÁ MAIS UM'
Os dias anteriores à chegada de Diego Souza foram de muita tensão nos bastidores palestrinos.
A proposta do São Paulo era boa, e o reforço havia sido um pedido expresso do técnico Muricy Ramalho à diretoria tricolor.
Toninho Cecílio, então, teve que usar de sua 'lábia' para convencer Diego e seu estafe de que a opção pelo Palmeiras era a melhor para aquele momento de sua carreira.
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'Muitos times estavam atrás do Diego Souza. Lembro que eram três do exterior e também o São Paulo, que estava muito forte porque tinha sido bicampeão brasileiro. Era uma equipe que estava mais em evidência e era extremamente competitiva. Foram eles quem mais brigaram com a gente pela contratação', contou o ex-dirigente.
'Nós nos aproximamos do jogador para apresentar o projeto do clube em função dele, mostrar a importância que ele teria na equipe. Diego já tinha passado por grandes clubes, e o empresário dele era o Eduardo Uram, muito bem sucedido. Nós conseguimos fazê-lo entender que o São Paulo vinha de títulos e já tinha ídolos formados. Lá, ele seria importante, mas seria mais um. Já no Palmeiras, ele seria o grande nome do clube', revelou.
'Falamos para o Diego que ele faria parte de uma arrancada de retorno às glórias e conquistas no Palmeiras. Isso pesou bastante para ele. Além, é claro, do contrato. Nossa oferta se equivalia à do São Paulo, mas a Traffic deu a força que faltava para fazer a compra e ficar com o maior percentual. Foi uma conjunção de fatores, e fomos muito felizes no processo todo', exaltou.
'SABEMOS QUE JOGADOR GOSTA DE ALGUMAS COISAS'
A 'novela' Diego Souza se arrastou por algumas semanas, com Verdão e Tricolor brigando nos bastidores pelo meia.
No final das contas, porém, o clube palestrino conseguiu aplicar o 'chapéu' que tanto queria e ficou com o cobiçado reforço.
'Eu lembro que a pressão era muito grande a cada dia para a gente fechar, mas suportamos muito bem. Era claro que seria uma negociação demorada, por ter muita gente envolvida. Havia muita especulação, a cada dia saía uma notícia, mas a gente foi firme e tranquilo', recordou Toninho.
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'Tínhamos a Traffic dando força, mas sabemos que quem manda é a vontade do atleta de onde vai querer jogar. O Palmeiras buscava uma retomada, e o São Paulo já estava consolidado. Nossos argumentos foram importantes para mexer com o jogador', observou.
'O jogador gosta de saber algumas coisas com antecedência. Coisas que mexem com o futuro, com a cabeça dele. Nós valorizamos bem a figura do Diego e tivemos ótimas conversas até fechar', afirmou.
Ao contrário do que se especulou à época, Toninho também garante que o contrato feito com Diego Souza não teve 'loucuras', como salários astronômicos e luvas nababescas.
'A gente fez um contato muito bom para o Diego, mas dentro da realidade. Não foi uma loucura. O Diego enxergou que ele faria parte de um grupo vencedor e que, no Palmeiras, ele seria o pivô de uma virada. E foi mesmo: fomos campeões do Paulista, brigamos pelo Brasileiro e voltamos à Libertadores', exaltou.
Em seus tempos no Verdão, Diego primeiro foi um 'coadjuvante' do meia Valdivia, que vivia grande fase com a camisa palestrina.
Quando o chileno foi vendido, porém, o meio-campista assumiu o protagonismo e foi um dos principais destaques do futebol brasileiro em 2009, com 18 tentos em 62 atuações pelo Alviverde.
'Pela presença do Valdivia, que era um gênio e precisava jogar mais solto, no começo o Diego ajudava mais a compor o meio, porque ele tinha uma potência física absurda. Jogava um pouco mais vindo de trás e chegando para concluir. Ele já tinha jogado como volante no Fluminense e se adaptou bem. Depois que o Valdivia saiu, ele virou um meia-atacante e explodiu de vez', lembrou Toninho.
'Durante todo meu tempo no Palmeiras, o Diego foi um profissional sensacional, muito comprometido com o clube e um exemplo de comportamento. É uma contratação que até hoje eu fico feliz de ter fechado', encerrou.