Olimpíada segue imprevisível com organização refém do coronavírus

COI e organizadores discutem, nesta quarta (3), presença de público nos Jogos de Tóquio

BATANEWS/FOLHA


Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio continuam reféns da pandemia do novo coronavírus e sua cruel expansão mundial, marcada por pessoas infectadas e mortes. Em clima de incertezas, o mundo aguarda uma solução para a Olimpíada, adiada do ano passado para julho próximo por causa da pandemia.

Os Jogos vão acontecer? Essa é a grande dúvida que deve ser respondida ainda neste mês, com pouca chance para protelação. As delegações que têm intenção de participar do evento necessitam de um mínimo de tempo para os preparativos da viagem.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) e quatro outros órgãos organizadores dos Jogos de Tóquio planejam realizar uma reunião online nesta quarta-feira (3) para discutir como lidar com os espectadores em meio à pandemia de coronavírus.

Não será um debate fácil quando estará na pauta tomar uma decisão sobre a permissão ou não de visitantes do exterior. Jogos Olímpicos sem público são como vidas sem almas. Discutirão também sobre o número de torcedores a serem permitidos em cada local da Olimpíada e da Paraolimpíada.

O martelo poderia ser batido agora sobre essas questões, mas a tendência é a discussão avançar no mínimo até o próximo dia 25, data prevista para o início do revezamento da tocha olímpica no território japonês, ou talvez alguns dias mais.

Thomas Bach, presidente do COI, aventou a hipótese de levar a decisão para o final de abril ou início de maio, enquanto Seiko Hashimoto, a chefe da organização dos Jogos, propõe março.

Esta última opção parece a mais indicada, pois a realização da Olimpíada continua incerta e um aclaramento da situação dos torcedores, se positiva, será um indício positivo de que os Jogos podem ser confirmados.

Em todo caso, o encontro de líderes da organização da Olimpíada de Tóquio será um passo importante diante do desconforto provocado pela pandemia. Os Jogos seguem indefinidos e qualquer decisão sobre a sua realização ou cancelamento terá relevância inédita no movimento olímpico internacional em tempos de paz.

Participarão da reunião o presidente do COI, Thomas Bach; o presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons; a chefe da organização dos Jogos, Seiko Hashimoto; a governadora de Tóquio, Yuriko Koike; e a ministra olímpica do Japão, Tamayo Marukawa.

Apesar das atribuladas questões de saúde relacionadas ao período dos Jogos Olímpicos e de ter iniciado tardiamente a vacinação da sua população contra a Covid-19 (começou em 17 de fevereiro), o Japão planeja levantar por completo o estado de emergência no domingo (7). Dessa forma, poderá conceder entrada especial para atletas do exterior que têm intenção de treinar por lá para sentir o ambiente.

O governo japonês atualmente proíbe o ingresso no país de todos os estrangeiros não residentes, mas pode fazer exceções por razões humanitárias ou outras. O levantamento do estado de emergência não significará o retorno imediato à normalidade, porém, algumas medidas serão amenizadas gradativamente.

A tendência parece indicar uma atenuação da exigência de forçar uma quarentena por duas semanas após a chegada dos visitantes no Japão. Em contrapartida, eles terão que se abster de circular fora de seus hotéis e locais de competição, e não poderão usar transporte público.

A indecisão sobre a Olimpíada de Tóquio não diz respeito apenas ao estágio do controle da pandemia no Japão, que iniciou sua campanha de imunização com a vacina desenvolvida pelo laboratório americano Pfizer em parceria com a empresa alemã BioNTech.

O coronavírus praticamente invadiu todos os países do mundo. Portanto, a decisão final sobre os Jogos Olímpicos é mais complexa do que parece a princípio. As dúvidas aumentam quando se observa o quadro mundial de imunização, muito aquém do esperado pelas organizações de saúde. O Brasil é um desses exemplos infelizes.

Os esportistas em geral estão amargurados com a indefinição olímpica, e os atletas mais ainda. Concentrados e treinando exaustivamente, eles sonham com os momentos mágicos das disputas olímpicas. Ironicamente, só não sabem se haverá Olimpíada.