A imagem que tenho na memória de Sebastián “Loco” Abreu é a do atacante grandalhão cobrando contra Gana –com uma arriscadíssima, porém perfeita, cavadinha– o pênalti que classificou o Uruguai para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

O uruguaio era à época jogador do Botafogo, um dos grandes do Rio de Janeiro, que se vê hoje longe dos dias de glória, rebaixado que foi no Campeonato Brasileiro de 2020 ao chegar em 20º e último lugar.


Nesse histórico pênalti, Loco Abreu vestia a camisa 13 da Celeste.

Pois foi com a mesma 13 que o centroavante de 44 anos, profissional desde 1995 (ano em que o Botafogo ganhou, liderado por Túlio Maravilha, o Brasileiro), estreou nesta quarta (3) à noite pelo Athletic.

Não o espanhol, de Bilbao (Espanha), possivelmente o Athletic mais conhecido mundialmente, mas o de São João del-Rei. Clube de Minas, estado homônimo da cidade uruguaia em que nasceu um dos mais célebres andarilhos da bola.


Depois de sair do Botafogo, no qual foi ídolo, e antes de desembarcar em Minas Gerais, Loco Abreu passou por 12 clubes.

Se fossem 14 as agremiações que ele tivesse defendido, já seria uma marca considerável.

Só que antes de atuar pelo Botafogo o atacante canhoto de 1,93 m, outrora cabeludo, agora não mais, vestiu o uniforme de outras 16 equipes.

Assim, o Athletic tornou-se o 30º clube a abrigar Loco Abreu. Dentre os jogadores de fama no futebol, desconheço algum que tenha rodado tanto na carreira.

Mesmo alguns menos afamados, como Zé Love (ex-Santos, 26 times) e Neto Baiano (ex-Vitória, 24 times), ainda em atividade, não conseguiram ser tão vagantes como o uruguaio, que só no México esteve em sete equipes, uma a mais que no Brasil.

Sem fincar raízes há muito tempo e tendo marcado presença fugaz em países como Israel e El Salvador, Loco Abreu deu prosseguimento à sua vida de cigano com uma atuação discreta diante do América, no Campeonato Mineiro.

Teve uma boa chance no começo do jogo, mas desperdiçou na grande área ao finalizar para fora.

Depois não ofereceu mais perigo ao gol defendido por Matheus Cavichioli e deixou o gramado aos 21 minutos do segundo tempo, substituído por Igor Badio, o camisa 9 do time apelidado de Esquadrão de Aço.

Onze minutos depois, o América (cujo apelido é Coelho), com o seu camisa 9 (Rodolfo), fez o único gol do jogo no estádio municipal Radialista Mario Helênio, em Juiz de Fora.

A seguir, todos os 30 clubes pelos quais Loco Abreu passou, do primeiro ao último, como profissional.

Defensor (Uruguai)
San Lorenzo (Argentina) – duas vezes
Deportivo La Coruña (Espanha)
Grêmio (Brasil)
Tecos (México) – duas vezes
Nacional (Uruguai) – três vezes
Cruz Azul (México)
América (México)
Sinaloa (México)
Monterrey (México)
San Luis (México)
Tigres (México)
River Plate (Argentina) – duas vezes
Beitar (Israel)
Real Sociedad (Espanha)
Aris (Grécia)
Botafogo (Brasil)
Figueirense (Brasil)
Rosario Central (Argentina)
Aucas (Equador)
Sol de América (Paraguai)
Santa Tecla (El Salvador)
Bangu (Brasil)
Central Español (Uruguai)
Puerto Montt (Chile)
Audax Italiano (Chile)
Magallanes (Chile)
Rio Branco-ES (Brasil)
Boston River (Uruguai)
Athletic-MG (Brasil)

 

Em tempo 1: Loco Abreu acumula nove títulos na carreira de mais de 25 anos: quatro Campeonatos Uruguaios pelo Nacional; dois Campeonatos Argentinos, um pelo San Lorenzo, outro pelo River Plate; um Estadual do Rio com o Botafogo; um Campeonato Salvadorenho pelo Santa Tecla; e uma Copa América com o Uruguai.

Em tempo 2: Por que o apelido Loco? Em 2010, o site Terra publicou texto no qual Abreu dava sua explicação: “É um apelido de infância, de quando comecei nas categorias de base. Vivia fazendo brincadeiras. (…) Isso nunca me incomodou. É um nome artístico. Sempre sou chamado carinhosamente de El Loco”.