A queda do PIB e as mudanças para a retomada necessária

Por Rodrigo Guedes Nunes*

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Os últimos dados do PIB brasileiro de 2020 foram divulgados e, levando-se em consideração a atual conjuntura, não podem ser lidos de forma alguma como animadores. Com a queda de 4,1%, o país caiu três posições no ranking das maiores economias do mundo e foi superado por Canadá, Rússia e Coréia, países com populações significativamente menores do que a nossa.

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Rodrigo Guedes Nunes

Em um momento em que outras economias semelhantes estão em ritmo acelerado de vacinação e perspectivas concretas de reabertura e superação da crise sanitária, estamos sem vacinas para aplicar e ainda na fase do negacionismo. Não é à toa que estamos ficando para trás. Brigamos com o mundo e, na mesma esteira, com os fabricantes das vacinas que hoje valem ouro. Não cabe mais, a esta altura do campeonato, ficar de jogo político ou com pequenices para atrasar a vida de adversários políticos. Estamos todos no mesmo barco. O Presidente Bolsonaro, se quiser se reeleger, deve entender o novo momento histórico em que se dará as eleições de 2022, e ele é muitíssimo diferente do de 2018. Trump que o diga.

A pandemia com certeza não pode ser imputada como culpa do governo, mas a forma como o país lida com ela e a priorização de pautas realmente caras à nação serão o fiel da balança para o eleitor no ano que vem. Controle fiscal sem abandonar aqueles que mais precisam, reformas de base que ofereçam um ambiente de trabalho mais racional para pessoas e empresas, aumento da competitividade e melhora de imagem do país no cenário internacional, desburocratização em geral, todos estes são elementos que, apesar de parecerem muito abstratos, serão determinantes para onde o Brasil estará daqui a 5 ou 10 anos.

Temos que nos apropriar daquilo que existe de melhor em cada espectro político/ideológico, e não ficar perseguindo os diferentes. Aliás, a característica máxima do subdesenvolvimento é exatamente a intolerância e o extremismo. Lembremos de Margareth Thatcher, que foi primeira-ministra da Inglaterra e uma reconhecida líder conservadora (apelidada de Dama de Ferro, já que era absolutamente educada, porém dura na defesa de seus argumentos). Mulher de grande força e caráter, defendeu com afinco a desburocratização, a privatização de tradicionais empresas públicas e a redução do poder dos sindicatos.

Ótimo exemplo para nosso caminho no Brasil. Também o ex-presidente americano Barack Obama, no outro lado do espectro político, promoveu reformas que levaram a população mais pobre a ter acesso a planos de saúde mais acessíveis, incentivou a tolerância de minorias e passou o chamado 'Budget Control Act', legislação federal que criou mecanismos importantes de controle de gastos e redução do déficit público. Este era (e ainda é) um cavalheiro, e sua educação e polidez no trato com as pessoas possibilitaram que muitas feridas do país fossem fechadas e fomentou a paz dentro do seu próprio país. Também um excelente exemplo para o Brasil. O que não podemos mais permitir, e Bolsonaro deve ser hábil para entender isto, é que a política do ódio continue arruinando a economia do país bem como as manhãs dos incautos leitores de jornais que vomitam sangue e ira todos os dias. Ninguém aguenta mais isto.

Devemos voltar ao tempo em que damas e cavalheiros eram reconhecidos por suas virtudes de beleza comportamental e diplomacia. Em outras palavras, vamos voltar a dar à velha boa educação o valor que ela merece em nossas vidas. Não quero com isto dizer que devemos tolerar práticas corruptas ou incivilidades perenes.

Quero apenas dizer tanto ao Presidente da República como a todos os meus demais conterrâneos: Sejamos educados e corteses com nossos pares. Líderes realmente notáveis e que acabam entrando para a história têm em comum a educação e o cavalheirismo no seu trabalho. Com isto, o país se entende, se aceita melhor e poderá criar o ambiente certo para que possamos passar as reformas que tanto necessitamos para melhorar a vida de todos. E, de quebra, ainda existirá ao atual governo a possibilidade de não repetir o erro de Trump e ver escorrer pelos dedos a chance de uma reeleição quase certa. Podemos combinar assim?

*Rodrigo Guedes Nunes

Economista e advogado do escritório Harris Bricken