Ministro é recebido com protesto ao inaugurar hospital sem equipamentos

Cobrado por intervenção na UFGD, Milton Ribeiro chamou manifestações de legítimas

HELIO DE FREITAS, DE DOURADOS / CAMPO GRANDE NEWS


Manifestantes com cartazes em frente à unidade inaugurada hoje (Foto: Helio de Freitas)

O ministro da Educação Milton Ribeiro foi recebido com protesto hoje (8) em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Ele esteve na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul para inaugurar a Unidade da Mulher e da Criança, ala construída em anexo ao HU (Hospital Universitário). Ainda sem equipamentos, o prédio não tem data para começar a funcionar.

Com cartazes, funcionários do hospital, estudantes e servidores da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) cobraram vacina da covid-19 para todos, chamaram o presidente Jair Bolsonaro e os generais que integram o governo de “genocidas' e reclamaram da intervenção do Ministério da Educação na reitoria da UFGD.

Em fevereiro deste ano, Milton Ribeiro nomeou o professor Lino Sanabria como segundo reitor temporário em um ano e nove meses. “Lino interventor', gritaram os manifestantes. Eles cobram a nomeação do professor Etienne Biasotto, filiado ao Partido dos Trabalhadores e que encabeça a lista tríplice, encaminhada ao MEC em março de 2019 após eleição interna na universidade.

O ato, acompanhado pelos senadores Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (PSL), pelo secretário estadual de Saúde Geraldo Resende e pelo prefeito Alan Guedes (PP), teve princípio de tumulto quando um dos manifestantes parou em frente a um veículo que chegava ao hospital. Ele foi arrastado da frente do carro por um policial militar de moto.

Os manifestantes protestaram também contra o número de policiais no local. Dezenas de PMs em carros e motos, guardas municipais e equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) fizeram a segurança. “Tem mais polícia que vaga em UTI', gritaram. No fim de semana, Dourados atingiu 100% de ocupação dos leitos de terapia intensiva destinados a pacientes com covid-19.

Veja o vídeo:

Em entrevista coletiva após o ato, Milton Ribeiro não anunciou quando a unidade começa a receber pacientes e disse que a pergunta deveria ser feita à Superintendência do HU. No sábado, a UFGD anunciou que, os equipamentos necessários para o início dos atendimentos foram adquiridos parcialmente e que tratativas para equipar a unidade e iniciar o funcionamento estão em andamento.

O ministro chamou de legítimo o protesto de estudantes e servidores. Sobre a reitoria da UFGD, ele afirmou que a nomeação de reitores temporários ocorreu porque a legalidade da lista tríplice ainda está sendo questionada na Justiça. “Não foi o MEC que judicializou a questão, foram os candidatos concorrentes'.

Milton Ribeiro informou que atualmente está em andamento tentativa de conciliação sobre o caso. “A hora que tiver uma lista tríplice amparada pela lei, eu e o presidente Bolsonaro vamos nomear o reitor com base nessa lista', afirmou.

Tanto a primeira instância da Justiça Federal em Dourados quando o TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) já reconheceram a legalidade da eleição interna da universidade.

O ministro deixou o local sem se aproximar os manifestantes. O único que foi conversar com os servidores do hospital foi o general Oswaldo Ferreira, presidente da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), vinculada ao MEC e que administra os hospitais universitários em todo o País.