Política
Assembleia é do povo e não do Reinaldo, diz tesoureiro do PSL sobre ação contra bloqueio
O JACARé/EDIVALDO BITENCOURT
O advogado Rhiad Abdulahad, tesoureiro do PSL de Mato Grosso do Sul, criticou a manobra do legislativo de Mato Grosso do Sul para livrar Reinaldo Azambuja (PSDB) de novo bloqueio de bens em decorrência da delação premiada da JBS. “A população precisa estar atenta. A Assembleia representa o povo e não o governador', alertou, sobre o recurso do parlamento, que foi negado pela ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça.
Em ação popular que tramita na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, o advogado Danny Fabrício Cabral Gomes e a senadora Soraya Thronicke (PSL), pedem o bloqueio de R$ 38 milhões do grupo JBS e do governador. Como o Tribunal de Justiça negou o sequestro, eles recorreram ao STJ.
STJ mantém bloqueio de R$ 277 milhões de governador, esposa e três filhos
Inicialmente, a corte negou o recurso especial para analisar o pedido de bloqueio de Reinaldo. Danny e Soraya ingressaram com agravo interno, que acabou sendo aceito pela ministra. Regina Helena Costa converteu o pedido em recurso especial para analisar o pedido de bloqueio.
A Assembleia Legislativa, comandada pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), recorreu contra a decisão da ministra, mas o pedido foi negado no início deste mês. “É inconcebível que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul se afaste do seu papel institucional e dedique tanta energia para defender o Governador', criticou Rhiad, que foi candidato a vice-prefeito de Campo Grande nas eleições de 2020.
O tesoureiro do PSL mostra todo seu inconformismo com a atitude do presidente da ALMS, deputado Paulo Corrêa, na medida em que a Casa chegou a criar a CPI da JBS para investigar o suposto pagamento de propina e agora passou a reforçar a defesa do governador e da multinacional da carne.
“Até parece que a Assembleia virou uma sucursal do escritório de advocacia que defende o Governador', ironizou o advogado. A CPI da JBS concluiu que os acordos para concessão de incentivos fiscais não foram cumpridos, mas não responsabilizou os agentes políticos acusados de receber propina em troca dos benefícios.
Soraya Thronicke e Danny Fabrício fizeram o pedido com base na delação premiada homologada em maio de 2017 pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Investigação da Polícia Federal, concluída em junho do ano passado, apontou que a propina paga foi maior, de R$ 67,791 milhões, e o suposto esquema criminosa chefiado por Reinaldo causou um prejuízo de R$ 209,750 milhões.
A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, denunciou o tucano, o filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva, o primeiro secretário da Assembleia, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), o conselheiro do Tribunal de Contas, Márcio Monteiro, entre outros, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A família de Reinaldo está com R$ 277,5 milhões bloqueados desde setembro de 2018, quando foi deflagrada a Operação Vostok, por ordem do ministro Felix Fischer, do STJ. A Justiça estadual negou o bloqueio feito pelos advogados ainda em 2017.
Além da tentativa frustrada de defender o Governador, o presidente da Assembleia, Paulo Corrêa, vem rejeitando os seguidos pedidos de impeachment contra o chefe do Executivo estadual.