Especialistas avisam: saúde e economia caminham juntas

Correio do Estado ouviu economistas e eles são categóricos: vacina e auxílio são o caminho

BATANEWS/CORREIO DO ESTADO / RAFAELA MOREIRA


Foto: Ilustrativa

Mais de 500 economistas, empresários e banqueiros assinaram um documento destinado ao governo federal em que cobram medidas para combater a pandemia no Brasil, a aceleração na campanha de imunização e o distanciamento social.

O doutor e economista Michel Constantino defende que saúde e economia andam juntas e devem ser prioridades do governo. 

“Não existe dicotomia entre saúde e economia, existe uma só via, em que é necessário garantir saúde e ações para que a economia continue girando para toda a população. Associar saúde e economia não existe, são fatores que devem constar juntos, o governo não pode pedir para ficar trancado em casa a todo momento, é necessário termos medidas efetivas para atravessarmos essa situação', pontuou.  

A carta cita dados econômicos como a contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 e a elevada taxa de desemprego e afirma que a situação só será superada com o controle da doença. O documento foi enviado às presidências da Câmara, do Senado e do STF e ao Ministério da Economia.  

O documento destaca a importância das máscaras e sugere uma campanha para orientação do uso da maneira mais segura. Também afirma que o poder público brasileiro deveria distribuir máscaras gratuitamente para a população de baixa renda, em especial aquelas de melhor qualidade.  

Nas últimas três semanas, o Brasil vem batendo diariamente sucessivos recordes de mortes registradas em um período de 24 horas.  

Um dos principais pontos abordados no documento é que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. “Vacinas são relativamente baratas ante o custo que a pandemia impõe à sociedade', diz a carta.  

O texto ressalta que o governo federal determinou R$ 22 bilhões para compra de vacinas, mas mais de R$ 326 bilhões para medidas de apoio financeiro à população atingida pela crise.  

Nesta semana, o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortos por Covid-19, com hospitais lotados e falta de leitos. De acordo com o Tesouro, as despesas primárias com a pandemia já ultrapassaram R$ 539,6 bilhões.

Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário municipal de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto, destacou que cada leito de UTI em Campo Grande tem o custo de R$ 2,75 mil por dia em hospitais filantrópicos e, em virtude da atual demanda, foi necessário triplicar o número de leitos na Capital.

Para o economista Mateus Soares, a imunização contribuirá para a retomada de setores que tiveram de reduzir ou suspender o atendimento para não causar aglomerações.  

“A vacinação em massa é a única maneira de vencermos a crise, só assim poderemos retomar a economia de modo sustentado e seguro. Em momentos de tantas incertezas, poderemos assim restabelecer a confiança do empresário e do consumidor na retomada das atividades econômicas. Vários setores foram diretamente prejudicados e até hoje não recuperaram receita', destacou Soares.  

A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, reitera que uma das principais consequências da pandemia na economia é o aumento do desemprego e que a imunização diminuiria os impactos.  

“A pandemia influenciou diretamente a vida de milhares de pessoas, muitas famílias tiveram de se reinventar em meio à crise, com o objetivo de ter mais oportunidades de geração de emprego, pessoas ficaram desempregadas e tiveram de achar algum caminho. O mais importante é acelerarmos a vacinação e garantirmos que as pessoas possam trabalhar com segurança', ressaltou Dias.

A carta reforça que “medidas como auxílio emergencial se fazem necessárias'. O documento também aponta a necessidade de outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas. 

O auxílio emergencial foi encerrado em 2020 com o fim do estado de calamidade pública, mas, em razão do agravamento da pandemia em todo o País, o governo se prepara para promover uma nova rodada do benefício.

O programa foi a principal ou única renda de cerca de 860 mil beneficiários de Mato Grosso do Sul. Segundo a Caixa, foram R$ 3,5 bilhões disponibilizados para a população do Estado.  

Michel Constantino defende que a prorrogação do benefício é fundamental, visto que milhares de pessoas têm o recurso como única alternativa de renda e o fim dele influencia diretamente na economia do País.  

“O auxílio emergencial é vital para milhares de famílias, além de complementar a renda de muitos funcionários, vivemos uma situação difícil e esse benefício injeta dinheiro diretamente nos mais diversos segmentos do mercado. É importante destacar que a pobreza diminuiu com a liberação do programa, então ele foi muito necessário e continua sendo neste momento tão atípico que todos estão enfrentando', ressaltou o economista.