Herói da Libertadores, Breno Lopes vive idolatria virtual no Palmeiras

Sem ir ao estádio, palmeirenses mostram carinho pelo atacante nas redes sociais

BATANEWS POR BRUNO RODRIGUES


Foto: Divulgação

Em condições pré-pandêmicas, Breno Lopes teria tido dificuldade em conseguir fazer coisas corriqueiras nos últimos dois meses, como ir ao shopping, ao supermercado ou a um restaurante sem enfrentar o assédio de dezenas de torcedores que pediriam uma foto com ele.

Contudo, por conta da pandemia de Covid-19, o herói do título palmeirense na última Libertadores ainda não pôde vivenciar pessoalmente todo o carinho que os alviverdes estão dispostos a demonstrar, como forma de agradecimento pelo bicampeonato continental.

Haverá tempo para isso –provavelmente enquanto Breno Lopes viver–, mas já que a Covid-19 não permite essa proximidade, assim como a presença de palestrinos nas arquibancadas do Allianz Parque, o mineiro de 25 anos valoriza cada prova de afeto, a grande maioria delas pelas redes sociais.

'Quando fomos campeões [da Libertadores], recebi muitas fotos de tatuagens com o meu rosto. Algumas pessoas tatuavam 'Breno Lopes', outras falavam que colocariam o nome no filho de Breno Lopes. Até demora para cair a ficha, para entender o fanatismo das pessoas. Tem gente que pede para eu mandar foto do autógrafo para fazer tatuagem ', diz o palmeirense à Folha.

Nesta quarta-feira (7), na região metropolitana de Buenos Aires, o Palmeiras encara o primeiro jogo da final da Recopa Sul-Americana, contra o Defensa y Justicia, às 21h30 (a transmissão será exclusiva da Conmebol TV, pay-per-view disponível nas operadoras Claro e Sky).

A competição poderá render uma taça inédita para o clube paulista, além de reafirmar a sua condição de dono da América.

Responsável por levar a equipe a essa decisão, Breno Lopes revela a ansiedade de poder participar em mais um título, especialmente depois que não pôde atuar no Mundial (fora contratado após o fechamento da janela de transferências internacionais) e na Copa do Brasil (já havia defendido o Juventude no torneio).

'Todo atleta quer estar em campo. Eu assisti ao segundo jogo [da final da Copa do Brasil] com o Luan, que tinha sido expulso na ida, da arquibancada. E a gente comentava que queria estar lá dentro, sentir a adrenalina. Agora quero poder participar de todos os jogos, ser importante mais uma vez como fui na temporada passada', afirma.

Desde que chegou ao Palestra Itália, em novembro de 2020, Breno Lopes não atuou com torcedores nos estádios. A exceção foi a final da Libertadores, que contou com a presença de algumas centenas de palmeirenses e santistas no Maracanã.

Na corrida para comemorar o gol, o atacante tirou a camisa e foi em direção à arquibancada com um objetivo bastante específico: abraçar seu pai, Wellington, e a mãe, Lucilene, levados pelo jogador ao Rio de Janeiro para assistirem de perto à partida.

Porém, no instante em que se aproximou do muro que divide o campo das cadeiras, já não era mais possível distinguir quem lhe abraçava. Alguns torcedores puderam tocar o herói, rara oportunidade em tempos de distanciamento social e estádios vazios.

'No aquecimento, quando entrei no Maracanã, vi onde meus pais estavam e gravei. Caso eu entrasse no jogo e a gente fosse campeão, eu encontraria eles lá. Mas no momento do gol, as pessoas começaram a pular, gritar, e acabei me perdendo. Acabei não achando eles. Mas consegui levar os dois para a final. Até hoje eles choram muito quando veem o gol de novo', conta Breno.

Como quase toda história de triunfos épicos, como foi a vitória sobre o Santos na final continental, há o imponderável que muda o curso dos acontecimentos, ao menos no discurso dos protagonistas.

Quando chamou o atacante, o técnico Abel Ferreira pediu a ele que usasse sua velocidade para jogar em cima de Felipe Jonatan. Na visão do português, o lateral esquerdo estava cansado, e Breno Lopes poderia se aproveitar dessa condição.

Seu companheiro Rony, entretanto, tinha outros planos para os últimos minutos da decisão.

'Talvez o Abel, na cabeça dele, pensava que o jogo iria para a prorrogação, então tinha que dar um gás novo. Lembro que o Rony chegou para mim e falou: 'Cara, estou cansado. Vai lá para a esquerda tentar acompanhar o Pará e o Marinho, a gente troca.' E no lance que a gente trocou, quando fui para a esquerda, saiu o gol', relata o herói alviverde.

O desfecho todo palmeirense já sabe de cor: Rony cruza da direita, Breno sobe mais do que Pará e cabeceia encobrindo o goleiro John. Gol que deu ao Palmeiras o bicampeonato da América, razão pela qual o clube visita a Argentina nesta quarta-feira, em busca de uma nova conquista internacional.

'Tem uma coisa que o Felipe Melo sempre fala: a gente deve deixar legado. Continuar protegendo os nossos títulos', diz o atacante, que sonha com o protagonismo mais uma vez. 'Sei que foi algo muito importante o que eu fiz, mas quero seguir escrevendo meu nome na história do Palmeiras. Não quero ficar marcado só por aquele gol.'