Pena prescreve e ex-vereadora condenada por furto de gado ganha cargo na Sanesul

O JACARé/EDIVALDO BITENCOURT


Lenilda teve votação maior no ano passado, mas não conseguiu ser reeleita em Aquidauana (Foto: Arquivo)

Condenada em janeiro do ano passado junto com uma quadrilha pelo furto de gado, Lenilda Maria Damasceno (PSDB) não conseguiu se reeleger vereadora em Aquidauana, a 130 quilômetros da Capital. No entanto, a tucana tem bons motivos para comemorar. Além da pena ser extinta porque o crime prescreveu, ela ganhou cargo comissionado com salário de R$ 5,4 mil por mês na Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul).

A ex-vereadora foi nomeada pela Portaria 162/21, publicada no dia 22 do mês passado, pelo presidente da companhia, Walter Carneiro Júnior. Ela começou a trabalhar como assistente II na gerência de Aquidauana nesta segunda-feira (6).

Lenilda trocou o PDT pelo PSDB, partido do governador Reinaldo Azambuja, no início do ano passado. No entanto, a troca não lhe garantiu a reeleição. Ela obteve 392 votos, mas não ser reeleita apesar de ter obtido votação superior a registrada quatro anos antes, 383.

Conforme sentença do juiz Ronaldo Gonçalves Onofri, da Vara Criminal, Infância e Juventude de Aquidauana, a política foi condenada a um ano de reclusão no regime aberto por receptação de gado furtado. O marido, Rodrigo Souza Albquerque, foi condenado a mesma pena. Como a sentença é inferior a quatro anos, o magistrado substituiu pela prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período  por uma hora ao dia.

O chefe da quadrilha, Ezequiel Vilalva de Andrea, o Brother, foi condenado a dez anos, sete meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Ele vendeu 43 bezerros em 2012 para Lenilda, que, na ocasião era vereadora pelo PDT em Bodoquena.

À Justiça, a tucana contou que não sabia que o gado era furtado e comprou com base na confiança depositada em Ezequiel. De acordo com a sentença do juiz, ao tomar conhecimento da prisão do líder da organização criminosa, Lenilda mandou o funcionário cortar a cerca e soltar os bois na fazenda do vizinho.

Após a publicação da sentença, o promotor Antenor Ferreira Rezende Neto, manifestou-se pela extinção da punibilidade da então vereadora e do marido. Ele alegou que a pena foi inferior a quatro anos e o crime prescreveu porque transcorreu mais de sete anos entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença. O pedido foi acatado pelo juiz, que extinguiu a punibilidade de Lenilda e Rodrigo.

Só que Lenilda acabou não sendo reconduzida à Câmara dos Vereadores de Aquidauana. A partir desta semana, ela voltará a receber salário do poder público com a nomeação de cargo comissionado na Sanesul.

Outro vereador não reeleito será contemplado por Reinaldo Azambuja nos próximos dias. O tucano Ademir Santana não conseguiu votos para continuar na Câmara de Campo Grande. Para garantir o seu retorno ao legislativo, o governador vai criar a Secretaria Estadual de Governo para acomodar o vereador João César Mattogrosso (PSDB).

A nomeação vai garantir a nomeação de Santana, que foi alvo da Operação Snow Ball, uma das fases da Omertà deflagrada pelo Gaeco e pelo Garras, em outubro do ano passado. O ex-vereador virou réu por extorsão armada ao lado dos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho. Eles teriam tirado todo o patrimônio do empresário José Carlos de Oliveira.

Sobre a nomeação da ex-vereadora de Aquidauana, a Sanesul informou que “não há nada documentalmente que impeça a contratação. Toda a documentação apresentada e certidões estão válidas e ela está apta a cumprir a função administrativa na regional em virtude de uma vacância.”