Copersucar avalia que produtividade dos canaviais pode dobrar com pesquisas

BATANEWS/REDAçãO


Copersucar avalia que produtividade dos canaviais pode dobrar com pesquisas

Legenda:País está no caminho para aumentar produção em período de 15 a 20 anos. CORTE DE CANA Foto Paulo Whitaker Reuters

Com investimentos em pesquisas, o Brasil poderia dobrar a produtividade de seu canavial em um período de 15 a 20 anos, e o país está nesta direção, disse Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração daCopersucar, daAlveane doCTC (Centro de Tecnologia Canavieira).

Em palestra na Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, Pogetti disse que o setor precisa investir em ganhos de produtividade para atender a grande demanda global por alimentos e combustíveis renováveis.

E acrescentou que o segmento está fazendo isso, citando pesquisas do CTC, nas áreas de biotecnologia e em melhorias no manejo das lavouras de cana-de-açúcar.

“O Brasil poderia dobrar a sua produtividade, poderíamos produzir o dobro na mesma área”, disse ele.

Para a crescente demanda global por alimentos e combustíveis ser atendida, ele defendeu também que os mercados devem ser abertos e livres, para quem tem disponibilidade de recursos, como água e terras –caso do Brasil–, possa abastecer o mundo.

“Protecionismo não se encaixa nesta equação”, disse ele, lamentando que esta tese venha ganhando espaço em um mundo que vinha caminhando para ser mais globalizado anteriormente (Reuters, 25/10/21)

PorGiovanni Lorenzon

Legenda: Cana nova deverá demorar para atingir área considerada ideal para aumentar produtividade (Imagem: REUTERS/Marcelo Teixeira/File)

Para o Centro-Sul voltar a encostar num volume decana-de-açúcarparecido com a última safra, deverão ser precisos entre dois e três ciclos, contando com clima favorável, como já havia semanifestado, aqui em Money Times, o consultor Ricardo Pinto.

Para se chegar a uma produtividade acima da média vista antes da crise da seca e geadas, como a vivenciada no período atual, não há nem prazo mais à vista. E produtividade é sinônimo de minimização de problemas.

O que já era difícil de ter como meta passar das 75/80 toneladas de média de cana por hectare, em conta até ambiciosa, saiu do horizonte. Cana de 3 dígitos, coisa para 100 t/ha, somente em poucas ilhas.

Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria, estima que da média de 81 t/ha da safra 20/21, a produtividade desceu a 69% nesta 21/22.

Tem razão aCopersucar ao comentar que com investimentos e pesquisas se pode conseguir mais matéria-prima sem precisar de ganho de área–inclusive por o Brasil já contar com avanços em biotecnologia e materiais mais resistentes e até adaptados a condições climáticas severas.

Mas sem renovação de área não adianta nada.

E quem ainda reservou alguma área para tirar a cana velha e plantar mudas novas, certamente não terá recursos sobrando para comprar novas tecnologias.

O volume de cana envelhecida deverá crescer, complementa Pinto.

A média de renovação já era considerada aquém do necessário, há anos entre 14% e 17% da área de produção – em torno dos 7,5 milhões de hectares -, portanto longe dos 20% defendidos pelos especialistas. Deve cair muito agora, porque os custos de manejo para minimizar os estragos foram grandes e certamente os altos custos de renovação foram deixados de lado.

Descapitalizados, poucos produtores independentes conseguirão bancar. E muitas usinas não conseguirão sair da crise atual com caixa sobrando, depois que a safra deve se concluir com uma quebra de 70 a 80 milhões/t, de 605 milhões/t da última.

“Além disso, os custos se elevaram demais e há falta de insumos em geral”, explica Sérgio Castro, pesquisador e produtor da AgroQuatro-S.

A cana futura ficará mais envelhecida, entre seis e oito cortes, e não apenas a produtividade cairá, como a qualidade também (Money Times, 25/10/21)