'Está começando a pintar um cenário em que a Selic não vai chegar a 12%',

Para o economista, a desaceleração da economia nos últimos meses indica que o Banco Central não deverá elevar a taxa básica de juros acima de 12% no ano que vem

BATANEWS/REDAçãO O ESTADãO


O economista Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG (Wealth High Governance) e ex-diretor do Banco Central (BC), acredita que o limite para alta da taxa básica de juros, a fim de conter a inflação, seja 12%. Apesar de boa parte do mercado indicar que o BC deva colocar os juros nas alturas, o economista observa que, por causa dos resultados dos últimos indicadores – PIB (Produto Interno Bruto), vendas no varejo, produção industrial –, o ritmo de desaceleração da atividade está mais rápido do que o esperado.

“Colocar os juros em 13% só piora a recessão”, afirma o ex-diretor do BC. Ele lembra também que só uma pequena parcela da alta dos juros já teve impacto na atividade. “Tem um caminhão de juros para jogar na cabeça da economia”, alerta. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Alta de preços desorganiza economia brasileira e empobrece a população

Chegamos a precificar uma Selic a 14%. Mas parece que estamos tendo uma desaceleração da economia mais rápida do que o mercado estava prevendo. Temos uma sequência de dados da atividade econômica bem fracos, inclusive as vendas do varejo que foram um show de horror, o resultado do PIB do terceiro trimestre, produção industrial. Acho que as expectativas de crescimento para este ano e o próximo devem cair de novo nas próximas versões do Boletim Focus. Esse é um elemento novo que deveria impactar o que o BC irá fazer na primeira reunião d e 2022. Agora está começando a pintar um cenário em que a Selic não vai chegar a 12%. Acredito que a última alta de juros ocorra na reunião de fevereiro e o ciclo se encerre com uma taxa entre 11% e 12%, mas não acima de 12%.

Certamente ajuda. Não há ciclo monetário de desinflação sem a contribuição da atividade menor, porque pega na demanda. A inflação de hoje é fruto de coisas que aconteceram seis meses atrás. E qual foi o passado que levou a uma inflação de 11%? No passado, o BC colocou os juros em patamar negativo, algo que nunca tinha feito propositadamente desde o início do Plano Real. Deixou o câmbio se desvalorizar fortemente. Fez tudo isso num período em que ficou claro que teríamos uma rápida reabertura da economia global com a chegada da vacina em outubro de 2020. E o BC só mexeu nos juros em março de 2021.

Errou muito e teve azar. Teve crise hídrica, a bagunça fiscal que começou em janeiro e se estendeu por quase o ano inteiro, o câmbio desvalorizou muito. A economia brasileira estava crescendo fortemente porque houve a reabertura e as pessoas estavam com mais dinheiro no bolso, além da pressão nos preços das commodities. Quando a gente olha hoje, o que vai ser a inflação em seis meses? Os juros já não são mais negativos e devemos ter uma taxa real indo para 6% ou 6,5%. O câmbio nominal tem ficado quase no mesmo patamar o ano inteiro. Nas commodities, há preços subindo e caindo. E a economia está desacelerando fortemente. As pessoas com muito menos dinheiro por conta da corrosão da renda pela inflação e redução das transferências fiscais. É um movimento contrário ao que houve no ano passado. O ano que vem será 5% mesmo de inflação, mas 2023 tem uma eleição no meio.

O mercado está expressando uma opinião política ao elevar a expectativa de inflação para 2023. Ele está dizendo o que deve acontecer na eleição deve ter efeito negativo sobre a inflação. Isso pode até ser verdade. Mas é preciso ter um pouco de cuidado. O BC não é agência política. O BC cometeu aquele erro no passado e agora está em busca da credibilidade perdida. Tem um monte de gente falando que tem de colocar os juros nas alturas. A partir dos dados conhecidos, parece que estamos caminhando para uma recessão. Então, colocar os juros em 13% só piora a recessão, em busca da credibilidade perdida. Esse não é o papel do BC.

Sim. Ninguém está discutindo que o juro não tenha que subir. Da mesma maneira que o BC errou na dosagem baixando 2%. Juro de 2% era justificado quando se achava que não haveria vacina. Mas quando veio a vacina não era mais justificável. O BC não pode cometer agora o erro com o sinal trocado.

Acho que em 2023. Obviamente, estou pressupondo que o resultado eleitoral não seja um desastre total. Quando as condicionantes da inflação viraram ao contrário, como estão virando agora, a inflação fica artificialmente alta por causa da inércia. Mas quando a inércia se desgasta e o BC fica segurando os juros, a inflação desaba. Acho que vai acontecer isso em 2023. Movimento semelhante ocorreu em 2015 e 2016 e a inflação desabou em 2017. Mas não estou dizendo que em 2023 a inflação vá ficar abaixo da meta como em 2017.

Não se manifestou, por isso o cenário é meio preocupante. Estamos vendo a desaceleração da atividade em dezembro. E, em tese, estamos pegando um pouquinho da alta do juro, quando ele foi de 2% para 2,75%. Tem um caminhão de juros para jogar na cabeça da economia. O impacto dos juros sobre a economia começa em seis meses e pode se estender até dois anos. Esse aumento de juros pode prejudicar a economia em 2023. A gente acha que 2023 pode ser recessivo, mas tem uma eleição no meio. Por outro lado, se o mercado e a economia real se preocuparem menos com resultado eleitoral e um eventual provável ganhador da eleição disser coisas certas, como os preços dos ativos caíram muito, então um pouquinho de expectativas positivas no fim do processo eleitoral poderá salvar 2023.

Com a inflação sem dar trégua e a economia em recessão técnica, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por uma nova alta de 1,50 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros) nesta quarta-feira, 8. A taxa subiu de 7,75% para 9,25% ao ano, conforme já havia indicado o Copom na última reunião, em outubro.

Foi o sétimo movimento consecutivo dos juros, após o BC cortar a taxa básica à mínima histórica (2%) em meio à pandemia de covid-19. Nas seis reuniões anteriores, o BC havia subido a taxa em 0,75 ponto percentual em três ocasiões, em 1 ponto nos encontros de agosto e setembro e em 1,5 ponto. em outubro.

Banco Central promove maior choque de juros em quase 20 anos para conter a inflação

Com a decisão de dezembro, o choque de juros este ano chega a 7,25 pontos porcentuais, o maior em quase 20 anos – desde o ciclo entre o fim de 2022 e o início de 2003. E a Selic alcançou o maior patamar desde setembro de 2017, quando estava em um ciclo de afrouxamento após alcançar 14,25% em meio à crise de 2015 e 2016.

A taxa está, portanto, no maior nível do governo Bolsonaro. Quando o presidente chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%.

Além de elevar a Selic mais uma vez em 1,5 ponto porcentual, o Copom sinalizou um novo aumento de mesma magnitude na próxima reunião, em fevereiro, para 10,75% ao ano. Ainda assim, o colegiado deixou a porta aberta para uma ação ainda mais forte na taxa básica de juros e prometeu perservar essa possibilidade até que as projeções de inflação voltem às metas para os próximos anos.

'O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária', afirmou o BC em comunicado.

Se na reunião anterior o colegiado considerou apropriado que o ciclo de aperto seguisse em território 'ainda mais' contracionista (isto é, com taxas de juros mais elevadas), agora o Copom avalia ser necessário avançar 'significativamente' nesse território. O BC chamou a atenção para o risco de as expectativas de inflação ficarem acima da meta em prazos mais longos, a partir de 2023.

'O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas', enfatizou o comunicado.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Com a inflação em dois dígitos, a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara e no Senado (que abre espaço no Orçamento para o novo Auxílio Brasil ao driblar o teto de gastos), e a economia em recessão técnica, a decisão de hoje era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Todas as 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast esperavam o aumento de 1,50 ponto do juro básico, para 9,25%.

A avaliação fiscal é que, embora as manobras patrocinadas pelo governo no teto de gastos (que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação) sejam negativas, a aprovação da PEC ao menos circunscreve o tamanho do estrago em 2022. Com todas as mudanças da PEC, um espaço de R$ 106,1 bilhões para gastos adicionais é aberto em 2022, ano eleitoral.  

“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, afirma o documento do Banco Central.

Na decisão desta quarta, o Copom reconheceu ainda que os últimos indicadores sobre a atividade vieram mais uma vez “moderadamente” abaixo do previsto e repetiu que a inflação ao consumidor continua elevada. 'A alta dos preços foi acima da esperada, tanto nos componentes mais voláteis como também nos itens associados à inflação subjacente”, completou o BC. 

No cenário internacional, o Copom citou especificamente o aparecimento da variante Ômicron do novo coronavírus como um fator que adiciona incerteza sobre o ritmo de recuperação da economia mundial, diante da possibilidade de uma nova onda de covid-19 no inverno do Hemisfério Norte. “No cenário externo, o ambiente se tornou menos favorável. Alguns bancos centrais das principais economias expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes”, destacou o comunicado.

Com o último movimento de aperto monetário, o Brasil continuou a ter uma das maiores taxas de juros real (descontada a inflação) do mundo, mas perdeu o pódio para a Turquia (+5,83%), considerando as 40 economias mais relevantes.

Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em +5,03% ao ano. Na terceira posição, aparece a Rússia (+4,23%). A média dos 40 países considerados é de -1,13%.

O rendimento bruto da poupança sobe de 0,44% para 0,5% ao mês agora que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros a 9,25%. Este foi o sétimo aumento consecutivo da Selic. Apesar do rendimento mais alto, a poupança é uma das aplicações que traz o menor retorno real ao investidor, ainda mais com a inflação projetada a 10,18% neste ano, segundo o Boletim Focus mais recente. 

Segundo a regra do Banco Central, a poupança rende 70% da Selic mais a taxa referencial (TR) quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano. Acima disso, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR, que está zerada. “Se pegarmos 0,5% ao mês e levarmos a valor futuro daqui a 12 meses, a poupança vai apresentar uma rentabilidade de 6,17%”, disse Rodrigo Beresca, analista de Soluções Financeiras da Ativa Investimentos. 

Banco Central promove maior choque de juros em quase 20 anos para conter a inflação

Nos cálculos do professor de Finanças da FGV Fabio Gallo, quem depositar R$ 1 mil hoje vai ter uma rentabilidade real negativa equivalente a R$ 43,64 daqui a 12 meses, considerando a inflação estimada. “Todos os investimentos em renda fixa terão retornos reais negativos porque o Banco Central ainda está correndo atrás da curva de inflação”, disse.

Os analistas preveem um ano bem volátil para a renda variável em 2022 por causa das eleições. Além disso, a alta da inflação estará presente tanto por fatores domésticos como internacionais. Não há perspectiva de melhora no câmbio também.  

Nesse ambiente, os especialistas recomendam outras aplicações de renda fixa aos investidores que querem fazer proveito da alta da taxa básica de juros. Entre eles, estão especialmente os papéis atrelados a alguma taxa flutuante, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou a Selic, para um prazo mais curto, ou ao IPCA+, para um prazo mais alongado. Já quem quer algo no curtíssimo prazo deve cogitar aplicações isentas de Imposto de Renda.

“É realmente um momento muito interessante para investir na renda fixa”, diz Camilla Dolle, head de renda fixa da XP. Apesar de ressaltar que o melhor investimento vai depender do perfil do investidor, ela aponta que, considerando a alta da Selic, o investimento mais indicado continua sendo nos títulos pós-fixados atrelados ao CDI, que acompanha o movimento da Selic. 

Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, concorda:  “No cenário em que estamos, já percebemos um fluxo maior para a renda fixa, e a renda variável perdendo um pouco de aplicações.”

A expectativa do mercado é de que a taxa básica de juros continue aumentando até o primeiro semestre de 2022, atingindo 11% ao ano. Depois, segundo especialistas, deve estacionar e pode até, em um cenário econômico mais otimista, começar a cair. Investimentos prefixados passam a ser mais interessantes em um cenário de queda de juros. 

“Os pós-fixados estão em um momento legal porque vão acompanhar essa alta esperada da Selic, que deve continuar até 2022. Também são investimentos mais conservadores, que oscilam menos ao longo do ciclo de mercado. Para quem quer se proteger de oscilações também no ano que vem, por exemplo, que é ano eleitoral, é uma boa opção”, afirma Camilla Dolle, da XP. “Mesmo que o Banco Central comece a cortar os juros, seja no ano que vem ou em 2023,  a Selic vai continuar elevada ainda por um tempo, então o pós-fixado é uma boa opção.” 

Outra recomendação dos especialistas é investir em títulos indexados à inflação, que usam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esses papéis oferecem uma proteção contra a inflação para o investidor, desde que ele mantenha o papel até o prazo de vencimento. 

“Um título indexado à inflação promete que, caso você leve até o vencimento, você terá essa proteção contra a inflação, mantendo seu poder de compra”, diz João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos. “No entanto, se resgatar antes do vencimento, você pode sair pior do que entrou, em alguns casos até com rendimento negativo”, diz. 

“Considerando o cenário que nós esperamos, de que a Selic chegue a dois dígitos até o meio do ano que vem e pare de subir, esses títulos, que geralmente têm prazos de vencimento de dois, três ou quatro anos, começam a se valorizar. Então são bons investimentos”, acrescenta. 

Caso o investidor queira aplicar o dinheiro por menos de um ano, é preciso também optar por produtos que não pagam Imposto de Renda, segundo Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos. “Porque sairia muito caro pagar o imposto nesses casos. Teria que procurar títulos isentos, como LCI e LCA.”

As projeções de que a B3 fecharia o ano no nível dos 130 mil pontos não se concretizaram. A Bolsa acumula perdas de 9,32% em 2021 e de 5,16% em 12 meses. Na terça-feira, 7, o Ibovespa encerrou o dia em 107,5 mil pontos, alta de 0,65%. “A gente teve uma deterioração das expectativas na Bolsa principalmente no segundo semestre. Tivemos a crise hídrica e o rompimento do teto de gastos”, afirma Beck, da BRA. 

“Os balanços das empresas estão, de forma geral, robustos. Eles não estão caindo tanto quanto o preço de cada ação. Algumas blue chips (empresas grandes e sólidas) caíram bastante sem um balanço que justificasse essa queda, algumas estão até faturando mais. Agora, estamos tendo um fluxo positivo de estrangeiro na Bolsa brasileira. E o que está se vendo nos números é a saída do próprio investidor brasileiro, que é o oposto do que aconteceu no ano passado.” 

As perspectivas para o futuro próximo, porém, não são otimistas. É possível que o investidor tenha que viver com certa volatilidade ao longo do ano de 2022 inteiro até começar a ver no horizonte uma certa estabilidade no fim do ano que vem. 

Beresca, da Ativa, acredita que o câmbio não deva se valorizar. “O descontrole fiscal e a PEC dos Precatórios como forma de contornar o teto afetam as finanças domésticas. Além disso, com a retirada de estímulos do Federal Reserve na economia americana e o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos devem fazer com que estrangeiros saiam de mercados emergentes e para investir mais lá', diz.

A carteira mensal recomendada da Nova Futura Investimentos em renda variável aposta na retomada da economia, com ações de bancos, varejo, commodities e rodovias. “Até há uns meses, evitávamos setores elétricos, mas as chuvas provaram ser abundantes, o que melhorou o sistema energético. Ainda existe uma cautela, mas estamos voltando aos poucos”, disse Bruno Tebaldi, analista de Risco da instituição.

Poupança - Tem liquidez diária, ou seja, é possível resgatar o dinheiro a qualquer momento, e oferece risco zero para o investidor, mas também, por isso, oferece uma rentabilidade baixa, que não costuma bater nem a inflação.

LCI e LCA - Bons títulos por causa da isenção do IR e cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). As letras têm lastro em ativos imobiliários e ativos agrícolas e são mais seguras que os CRIs e os CRAs, mas, por esse mesmo motivo, podem apresentar um prêmio menor. 

CRI e CRA - Estão com as taxas bem atrativas, porque costumam ser pós-fixadas. Não têm cobertura do FGC. Para não correr riscos desnecessários, deve-se olhar o emissor desses ativos. Se o ranking do emissor for alto, ele pode pagar melhor que LCI e LCA. Mas se o emissor tiver um ranking baixo, existe a possibilidade de calote. São ativos securitizados, ou seja, possuem lastros em outros ativos. 

Por exemplo: se um agricultor quer fazer um financiamento para sua safra, ele contrai uma dívida emitindo um Certificado de Cédulas de Crédito Bancário (CCB) e a vende para um banco. Esse banco pode pegar várias CCBs e as vender para uma securitizadora, que, por sua vez, as “empacota” por meio do CRA e vende para o investidor final. No caso das dívidas imobiliárias, o processo é o mesmo, mas feito por meio do financiamento imobiliário com a Cédula de Crédito Imobiliário (CCI). 

Debêntures incentivadas - Ótimas opções porque tem pagamentos semestrais dos cupons.

CDB: As melhores opções são os atrelados a taxas flutuantes (CDI e IPCA). 

Fundos DI: Ótimas opções porque tendem a seguir a Selic, que ainda está em ciclo de alta. São mais conservadores e têm uma liquidez mais alta, diária. 

Fundos imobiliários: O aumento da taxa de juros impacta o crédito imobiliário, que encarece com a Selic mais alta. Por ora, a melhor opção em fundos imobiliários são os fundos de papel, que investem em papéis de dívida imobiliária.

Fundos multimercado: Bom investimento, porque, como porque investem em diversas estratégias, os gestores conseguem fazer movimentações para se beneficiar conforme o cenário. Os que têm investimento em Bolsa podem não ir muito bem. 

Dentre os ativos de renda fixa, existem aqueles que são isentos de Imposto de Renda e outros que não. Para comparar em pé de igualdade esses investimentos, existe no mercado financeiro o “gross up”, que consiste em calcular o retorno de um investimento isento ao embutir uma alíquota de Imposto de Renda fictícia. Assim, é possível comparar os itens que anteriormente não seriam comparáveis por causa de suas características distintas. 

Por exemplo: qual investimento é melhor durante o período de 365 dias, uma LCI que rende 94% do CDI e é isenta de Imposto de Renda ou um CDB que rende 115% do CDI no mesmo intervalo, mas em que há uma taxa de IR a ser paga? 

Lembrando que as aplicações seguem uma tabela regressiva do Imposto de Renda. Quem retira o dinheiro aplicado antes de 180 dias paga um imposto de 22,5%. De 181 a 360 dias, a alíquota cai para 20%. De 361 a 720, fica em 17,5%. E, acima de 720 dias, 15%.

A fórmula utilizada para fazer o gross up é a seguinte: Rendimento com gross up = Rendimento bruto/ (1 - Imposto de Renda).

Sempre lembrando em transformar os números em decimais. Basta dividir por 100. 

Por exemplo, para comparar uma LCI que rende 94% do CDI e é isenta de Imposto de Renda com um CDB que rende 115% do CDI (ambos com vencimento daqui a 365 dias).

Rendimento com gross up da LCI = 0,94/ (1 - 0,175)

Rendimento com gross up da LCI = 1,139 x 100 (para transformar em porcentagem)

Rendimento com gross up da LCI = 113,9% da CDI 

Portanto, nesse caso, mesmo o CDB não sendo isento, ele traz um retorno maior que a LCI.