Esportes
Ronaldo não mudou patamar do Valladolid e ficou ausente de jogos pré-rebaixamento, mas mantém respeito
Valladolid segue sendo time de acessos e descensos, como sempre foi em 93 anos de história
BATANEWS/GLOBOESPORTE
O Valladolid foi comprado por Ronaldo Nazário em 2018, concluiu a primeira temporada sob sua presidência em 16o lugar, subiu para 13o no segundo ano e caiu para a segunda divisão, em 19o lugar. As três temporadas só foram frustrantes para quem esperava que Ronaldo fosse o Abramovich do pequeno time da região autônoma de Castilla y León. Sob seu comando, o Valladolid manteve o que fez durante toda a sua história. Nem mais, nem menos.
São 93 anos de vida, 45 temporadas na Primeira Divisão, 35 na Segunda e 10 na Terceira. A melhor colocação do Valladolid aconteceu na temporada 1962/63, quando era treinado por Antoni Ramallets, goleiro da Espanha na Copa do Mundo de 1950 e do Barcelona, bicampeão espanhol em 1959 e 1960 ao lado de Evaristo de Macedo.
Não há razão para decepção com Ronaldo, mas isto não evitou críticas. Por exemplo, por não morar em Valladolid e passar boa parte de seu tempo em Ibiza. Também por não estar presente ao estádio José Zorrilla nas partidas decisivas contra o rebaixamento, em 2021. O Valladolid foi rebaixado perdendo em casa para o Atlético de Madrid.
Ronaldo não é Abramovich, como a maior parte dos investidores de clubes da Europa não é. Pense que 16 dos 20 clubes da Premier League são controlados por empresários internacionais. Do Arsenal, do norte-americano Stan Kroenke, ao Southampton, com 80% de controle do chinês Gao Shisheng. O Burnley, atual 18o colocado, tem 84% de seu capital pertencente ao grupo norte-americano ALK e o Norwich, atual lanterna, pertence em 53% ao galês Michael Jones.
Ter um investidor não é garantia de sucesso esportivo. Boa gestão não é sinônimo de títulos de futebol. Um clube pode dar lucro a seu proprietário, ter sua contabilidade toda no azul, revelar e vender jogadores e nunca lutar por nenhum troféu.
A legislação espanhola criada em outubro de 1990 obrigou 16 clubes da Primeira Divisão a se tornarem Sociedad Anonima Deportiva. Só o Osasuna, por estar no azul nos quatro anos anteriores à entrada da lei em vigor, além de Real Madrid, Barcelona e Athletico Bilbao, por serem considerados históricos e não terem caído para a segunda divisão jamais, não precisaram fazer a migração, porque tinham contas estáveis. Desde que a lei passou a vigorar, em 1994, todos os clubes da Primeira Divisão caíram para a Segunda, exceto os três históricos e o Valencia.
Ou seja, não existe milagre.
Mas é fundamental que empresários que colocam dinheiro na Europa julguem interessante investir aqui. É o primeiro sinal de que as coisas podem evoluir. Se houver trabalho.