Após pedir demissão da seleção francesa, Bernardinho diz: 'Não posso ficar longe da minha família no momento'

Em entrevista à imprensa francesa, técnico se emociona e lamenta decisão: "Não quero falar muito sobre isso especificamente, mas é uma questão familiar"

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Entenda a saída de Bernardinho da seleção francesa de vôlei masculino

Bernardinho reforçou a questão familiar como motivo para não seguir à frente da seleção masculina da França. Horas depois do anúncio de seu pedido de demissão, o técnico deu uma rápida coletiva à imprensa francesa. Muito emocionado, o treinador disse ter pedido desculpas aos jogadores e à federação por sua decisão.

- Estou muito triste e desolado. Minhas preocupações se tornaram muito importantes, não posso ficar longe da minha família no momento. Depois de cinco meses com a equipe e muitas viagens, minha decisão é ficar perto dela. Tenho falado muito com a federação, que entendeu os motivos pessoais. Não quero falar muito sobre isso especificamente, mas é uma questão familiar.

Bernardinho afirmou que seguirá à disposição da França para ajudar na busca por um novo treinador. O técnico elogiou o grupo de jogadores da seleção do país, que vai lutar pelo bicampeonato olímpico nos Jogos de Paris.

- Estou disponível para ajudar, para falar com os candidatos, para falar do programa que fizemos, para falar dos jogadores. Estou aqui para ajudar como ex-treinador, para encontrar as melhores soluções para este grupo. São pessoas especiais, jogadores incríveis. Eles têm um grande objetivo, um grande desafio de vida, que é levar a medalha em Paris. Falei com os jogadores, estarei disponível para eles também. Falei esta manhã com alguns jogadores. Vou continuar a ver os jogos e as atuações.

A Federação de vôlei da França comunicou na manhã desta terça-feira o desligamento do treinador, bicampeão olímpico e tricampeão mundial pelo Brasil. De acordo com um comunicado reproduzido no site da entidade, Bernardinho justificou que problemas pessoais o impossibilitaram de permanecer no cargo.

Bernardinho, no entanto, seguirá à frente do Sesc-Flamengo. A equipe carioca começa a disputa dos playoffs da Superliga Feminina nesta semana. O time faz o primeiro jogo contra o Osasco, seu maior rival, nesta sexta-feira, às 21h, em São Paulo.

Eric Tanguy, presidente da Federação, lamentou, mas agradeceu o trabalho e empenho efetuado por Bernardinho. O dirigente revelou que anunciará em breve o substituto.

- Tivemos o melhor treinador para cumprir nossos objetivos até os Jogos de Paris 2024 e só posso lamentar essa situação. Mas obviamente compreendo as razões que levaram o Bernardinho a tomar esta difícil decisão e agradeço-lhe por se ter mantido disponível para preparar o resto. Vamos sair desta provação e encontrar a melhor solução para apoiar o projeto em torno da seleção masculina francesa. Os anúncios serão feitos em alguns dias - destacou Tanguy.

Bernardinho foi contratado em abril de 2021 para iniciar um processo de renovação visando aos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. O técnico brasileiro substituiu Laurent Tillie, que ficou à frente do selecionado por quase uma década, após as Olimpíadas de Tóquio. O primeiro resultado, porém, não foi dos melhores. No Campeonato Europeu, em setembro do ano passado, a equipe francesa caiu para a República Tcheca e foi eliminada nas oitavas de final.

Um dos mais vitoriosos técnicos do país, Bernardinho comandou pela primeira vez uma seleção estrangeira. O treinador chegou ao time masculino do Brasil em 2001, às vésperas da Liga Mundial daquele ano – da qual sairia campeão. Estreou no dia 4 de maio, contra a Noruega, em amistoso disputado em Portugal, como parte da preparação para o torneio.

Em 15 anos, somou mais de 30 conquistas à frente da equipe. Foram dois ouros olímpicos (2004 e 2016), duas pratas (2008 e 2012) e três títulos mundiais (2002, 2006 e 2010), além de oito Ligas Mundiais. Antes, com a seleção feminina, conquistou dois bronzes olímpicos, nos Jogos de Atlanta, em 1996, e de Sydney, em 2000. Foram seis medalhas olímpicas em sequência.