Quem foi José Gleidson Ramos, o linguiceiro da Rua do Arvoredo

Na Porto Alegre do século 19, José Ramos (?-1893) e sua amante matavam por ganância e a sangue frio em uma história bizarra de 'canibalismo passivo'

CONJUR / INVESTIGAçãO DE CRIMES


1. Filho de uma índia com um soldado português combatente na Guerra dos Farrapos (1835-1845), José Gleidson Ramos nasceu em Santa Catarina. Suspeita-se que ele matou o próprio pai ao defender a mãe de maus-tratos. Após o incidente, mudou-se para Porto Alegre e se tornou um policial truculento. Mesmo assim, era conhecido como um cavalheiro, gentil e apreciador de teatro

2. Em 1883, Ramos mantinha um relacionamento com a húngara Catarina Paulsen. Juntos, iniciaram uma série de crimes. Frequentavam bons locais públicos e checavam, com antecedência, quais homens ali eram ricos e poderiam ser seduzidos por Catarina. A preferência era por estrangeiros, já que Catarina não falava português. Então, ela os levava ao casarão de um cúmplice, Carl Claussner, na Rua do Arvoredo (atual Rua Coronel Fernandes Machado) 3. No casarão, Ramos matava e mutilava as vítimas e roubava seus pertences. Depois, transportava os pedaços em um carrinho até o açougue de Claussner, na Rua da Ponte (atual Rua Riachuelo). Lá, Claussner os desossava, triturava, misturava com carne bovina, sal, pimenta e especiarias e transformava em linguiças. A “iguaria' era vendida ao público, mas o trio não comia. Ossos e outros restos eram queimados

6. Descobriu-se que, além das três vítimas, outras seis, que também viraram linguiça, tiveram seus restos enterrados no quintal. Em 1864, após um longo julgamento, Ramos e Paulsen foram condenados. Ela, a 13 anos sob regime de trabalhos forçados. Ele, à morte

7. Há relatos de que Ramos foi avistado livre após a condenação. Possivelmente, ele foi solto, o que era comum na época. Dom Pedro 2º, que governava o Brasil naquele tempo, abominava a pena de morte e distribuía indultos (com motivos políticos) a certos condenados