Economia
Vai vender boi gordo? Calma, veja antes essa análise!
BTANEWS/COMPRE RURAL
O mercado físico do boi gordo enfrenta um dos seus piores momentos, desde setembro de 2021 – período do embargo chinês após os casos atípicos de vaca louca – com recuo de quase R$ 30,00/@ (padrão exportação). Depois de uma semana com pressão negativa, os preços da arroba de todas as categorias recuaram, deixando o mercado sem referência; E agora, vender ou postergar o abate?
Com escalas confortáveis, atendendo a próxima semana, os compradores estiveram ausentes das negociações nesta sexta-feira, 08. As ofertas de compra reportadas foram de preços abaixo da referência. Agora, sem referência, o mercado deve trazer grande dificuldade no campo das negociações.
Segundo a Scot Consultoria, a semana encerra com preços estáveis nas praças pecuárias paulistas após consecutivas quedas. Com isso, boi, vaca e novilha gordos estão apregoados em R$322,00/@, R$282,00/@ e R$317,00/@, preços brutos e a prazo.
Ofertas de preços menores também são testadas para bovinos com destino à exportação. Para o macho terminado com destino à exportação, teve grande recuo frente a março, os valores saltaram de R$ 360,00/@ para o valor de R$ 330,00/@. A Agrobrazil, informou negociação de R$ 330/@ para a boiada de Assis, no estado São Paulo, com pagamento no prazo de dois dias abate para o dia 21 de abril.
Já o Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, alcançou uma das maiores valorizações desde o dia primeiro deste mês. Dessa forma, com um avanço de 5,67% na comparação diária, os valores saltaram de R$ 327,40/@ para o patamar de R$ 345,95/@. Novamente o movimento do Indicador vai na contramão do mercado e faz, mais uma vez, os pecuaristas a questionar os dados utilizados pela instituição. Veja o gráfico abaixo!
O segundo trimestre é o período do ano em que haverá maior oferta de animais terminados, é o momento do auge da safra de boi gordo. Com a pressão negativa da entrada da seca, fator que deixa o pecuarista sem opção para segurar essa oferta na propriedade, devemos ter um dos meses de maior oferta de animais.
Dentro do mercado interno, o consumo continua patinando. O que se observa é um grande recuo na demanda da população por essa fonte de proteína e, para complicar, aqueles que ainda consomem não aceitam qualquer reajuste positivo.
No cenário daqueles que trabalham com a exportação é de grandes incertezas. As exportações de carne bovina in natura, que iniciaram mar/22 de maneira acelerada, reduziram fortemente o ritmo na quinzena final do mês. Os embarques da última semana ficaram em 21,50 mil toneladas, resultando em uma média de 5,38 mil t/dia, uma redução de cerca de 50% ante a média vista até a segunda semana do mês passado.
A pressão de queda deve persistir no curto prazo, em um ambiente pautado por um real ainda valorizado, somado as recentes incertezas em relação ao comportamento da China na importação de carne bovina.
Os analistas do setor chamam a atenção para uma pressão de baixa ainda mais forte registrada no mercado futuro do boi gordo (negociado na bolsa B3, de São Paulo). “Infelizmente, hoje a curva de cotações do mercado futuro não oferece nenhuma oportunidade interessante de garantia de preços aos pecuaristas (mecanismos de proteção, o chamado “hedge')', relata o médico veterinário Leandro Bovo, sócio e diretor da Radar Investimentos.
Segundo ele, os produtores que fizeram a lição de casa (garantindo bons patamares de preços para o boi gordo antes do acirramento da tendência de baixa) conseguiram escapar dessa pressão sem maiores estragos, “mas quem ainda não fez terá que esperar surgir uma nova oportunidade'.
Na avaliação de Fabbri, no curto prazo, a pressão de baixa deverá seguir no mercado do boi. “Contudo, o momento pode abrir oportunidades para os invernistas, uma vez que os preços da reposição e dos insumos para alimentação também trabalharam em queda', observa o analista da Scot.
Embora as indústrias brasileiras sigam com escalas de abate avançadas, a IHS observou que, nesta sexta-feira, parte dos frigoríficos ainda não preencheu os seus volumes para abate além de 20 de abril.
“Nesse sentido, pode ocorrer uma retomada aos negócios a partir do meio da próxima semana', acredita a IHS.
No mercado atacadista, o dia foi de preços estáveis para a carne bovina. Segundo Iglesias, da Agência Safras, a perspectiva ainda aponta para alta dos preços no curto prazo, em linha com a entrada dos salários na economia, período que conta com maior apelo ao consumo.
“No entanto, precisa ser mencionado que a preferência da população ainda recai sobre proteínas mais acessíveis, a exemplo do frango e dos ovos', disse o analista. O quarto dianteiro foi precificado a R$ 16,60 por quilo. A ponta de agulha teve preço de R$ 15,70 por quilo. Já o quarto traseiro permaneceu precificado a R$ 23,50 por quilo.