Saúde
Bactérias causadoras da febre tifoide estão cada vez mais resistentes a antibióticos
Em artigo publicado na revista científica The Lancet Microbe, cientistas alertam para cepas multirresistentes que se espalharam para vários países nos últimos 30 anos
BATANEWS/DO R7
Um artigo publicado nesta terça-feira (21) na revista científica The Lancet Microbe mostra que as bactérias que causam a febre tifoide estão cada vez mais resistentes a antibióticos, além de terem se espalhado com de maneira acentuada e com frequência para outros países no últimos 30 anos.
A febre tifoide é uma doença sistêmica causada por bactérias Salmonella typhi (S. Typhi).
Os principais sintomas são febre, prostração, dor abdominal e exantema róseo (irritação avermelhada na pele).
Esse foi o maior estudo de sequenciamento genético da S. Typhi e analisou mais de 7.500 genomas.
'A análise mostra que cepas resistentes de S. Typhi se espalharam entre países pelo menos 197 vezes desde 1990. Embora essas cepas tenham ocorrido com mais frequência no sul da Ásia e do sul da Ásia ao sudeste da Ásia, leste e sul da África, elas também foram relatadas no Reino Unido, EUA e Canadá', dizem os autores do trabalho em comunicado.
O tratamento da febre tifoide envolve o uso de antibióticos como a cloranfenicol e trimetoprima/sulfametoxazol.
Também pode ser usados antibióticos da classe dos macrolídeos (sendo o principal exemplo a azitromicina) e quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina).
No trabalho, os pesquisadores classificaram como cepas multirresistentes aquelas que apresentassem características genéticas que se encaixassem na resistência a antibióticos de primeira linha – ampicilina, cloranfenicol e trimetoprima/sulfametoxazol.
Eles também rastrearam a presença de genes que conferem resistência aos macrolídeos e quinolonas, 'que estão entre os antibióticos mais importantes para a saúde humana'.
Os resultados foram preocupantes. As mutações genéticas que tornam a S. Typhi resistente às quinelonas, por exemplo, espalharam-se pelo menos 94 vezes desde 1990, sendo 97% originárias no sul da Ásia.
Já as mutações resistentes à azitromicina apareceram ao menos sete vezes em um intervalo de 20 anos.
'Em Bangladesh, cepas contendo essas mutações surgiram por volta de 2013 e, desde então, seu tamanho populacional aumentou constantemente', dizem os autores.
O autor principal do estudo, Jason Andrews, da Universidade de Stanford (EUA), alerta para a necessidade de ver o controle da febre tifoide e a resistência a antibióticos em geral como um problema de saúde global.
'A velocidade com que cepas altamente resistentes de S. Typhi surgiram e se espalharam nos últimos anos é um motivo real de preocupação e destaca a necessidade de expandir urgentemente a prevenção medidas, especialmente nos países de maior risco', afirma em comunicado.
Os pesquisadores salientam que o estudo precisaria ter mais abrangência em amostras coletadas em regiões como a África Subsaariana e a Oceania, onde a febre tifoide é endêmica.
'Como os genomas de S. Typhi cobrem apenas uma fração de todos os casos de febre tifóide, as estimativas de mutações causadoras de resistência e disseminação internacional são provavelmente subestimadas', dizem.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que entre 11 milhões e 21 milhões de pessoas adoeçam por causa da febre tifoide em todo o mundo anualmente. Deste total, entre 128 mil e 161 mil morrem.
A doença é mais comum em comunidades sem acesso a água potável e saneamento básico.
'Mesmo quando os sintomas desaparecem, as pessoas ainda podem estar carregando a bactéria da febre tifoide, o que significa que podem espalhá-la para outras pessoas por meio de suas fezes', salienta a OMS.
Vitamina C melhora a imunidade. vitaminas do complexo B funcionam como repelente e a B12 ajuda a emagrecer, toda mulher na menopausa precisa fazer reposição de cálcio, uma suplementação bem-feita resolve uma alimentação malfeita... As máximas sobre vitaminas e minerais são muitas, mas nem todas são verdades. E, quando o benefício é real, não é tão simples quanto parece, ou seja, não basta tomar uma cápsula que tudo está resolvido. Confira algumas curiosidades sobre a suplementação que podem mexer com os seus hábitos alimentares
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Quando alguém está resfriado no trabalho, em casa ou entre os amigos, a primeira recomendação é tomar vitamina C. A nutricionista Edvânia Soares concorda que o consumo melhora a imunidade, mas não é só tomar aquela pastilha efervescente, não. 'A vitamina C é um potente oxidante, melhora o sistema imune e diminui a recidiva viral, então consequentemente ela vai diminuir a propensão para o resfriado. Mas é necessária uma alimentação equilibrada, priorizar o sono e ingerir muita água. A vitamina C precisa da água para ser bem absorvida, então, é importante garantir 35 ml de água por casa quilo de peso corporal. Isso vai facilitar a absorção da vitamina C, e aí sim, melhora o sistema imune', orienta
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Estar bem-nutrido é fundamental para diminuir o estresse e o cansaço excessivo, mas a suplementação tem de respeitar a ação que uma substância tem sobre outra, a chamada sinergia do organismo humano. 'As vitaminas e minerais têm importante papel quando falamos de estresse e cansaço, eu diria que são até indispensáveis. Mas é importante pensar pelo alimento, o suplemento vai te dar uma quantidade de vitamina, mas não vai dar o sinergismo. Quando pensamos no alimento, a história muda. Por exemplo, quando pensamos na maçã, ela rica em quercetina, um importante oxidante, tem fibra, ácido málico que regula a produção de energia. Então, os alimentos acabam sendo mais complexos', explica a nutricionista
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Tem gente que acredita que ao tomar um polivitamínico não precisa mais se preocupar. A nutricionista Gabriela Cilla é contrária a essa escolha. 'Em nutrição existe a biodisponibilidade dos nutrientes. Então, se você suplementa alguma vitamina que o paciente já tem, pode diminuir ou aumentar outras e causar um efeito tóxico no organismo. Não indico os suplementos de A a Z justamente pela biodisponibilidade, porque podemos causar um desbalanço e alterar todo o equilíbrio do organismo', ressalta
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As mulheres começam a chegar próximas à idade do climatério, e todo mundo já tem uma receitinha para repor o cálcio. Calma! Não são todas as mulheres na menopausa que precisam suplementar o mineral. 'É preciso avaliar a ingestão alimentar, o histórico de saúde e a prática de atividade física de impacto, que ajuda a levar o cálcio para dentro do osso. Não necessariamente precisamos suplementar o cálcio. Claro que quando pensamos em cálcio, precisamos pensar na vitamina D, trabalhar a prevenção de doenças ósseas, e com a chegada da menopausa a mulher tem de ficar atenta sim, porque ela acaba afetando a absorção de cálcio pelos ossos e pode provocar, sim, osteoporose', esclarece
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Muitas pessoas quando sabem que vão a um lugar repleto de mosquitos, começam a tomar vitaminas do complexo B para impedir as picadas. Mas, na realidade, não adianta nada. 'A vitamina do complexo B não funciona como repelente. Na verdade, quando tomamos qualquer suplemento temos a excreção pela urina, pelas fezes e até mesmo pela pele. Mas não existe referência que ela vai funcionar como repelente', diz a especialista
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Sobre a vitamina B também tem a história de que ela aumenta o apetite. A nutricionista explica que a superdosagem, com uma suplementação errada, é pode levar ao aumento da fome. 'As duas vitaminas do complexo B [B1 e B6], que geralmente podem aumentar o apetite, mas é no caso de suplementação, porque vai dar uma super dosagem. Quando pensamos por meio do alimento, nenhuma vitamina do complexo B vai aumentar o apetite, muito pelo contrário. Um corpo sadio, nutrido, acaba tendo a necessidade fisiológica de comer, não a vontade de comer'
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Sobre engordar e emagrecer, as receitas são várias, e o que todos podem ter certeza é que sozinho nada faz efeito. Muitos apostam na vitamina B12 para ajudar a diminuir os números na balança. A nutricionista explica que faz algum sentido, mas não faz milagre. 'A vitamina B12 melhora a absorção de proteína, com isso temos uma melhora da manutenção da massa magra e, consequentemente, a massa magra usa mais oxigênio, mais energia e mantém nosso metabolismo mais acelerado. Por essa via, ela pode ajudar no emagrecimento. Isolada não vai melhorar o emagrecimento. Ela é um percursor para metabolizar mais a proteína e a gordura', alerta Edvânia
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Os suplementos de magnésio entram em um grupo parecido com a vitamina B12, daqueles que ajudam na perda de peso. 'O magnésio é o mineral responsável pela contração e relaxamento muscular. Ele previne câimbra, ajuda no relaxamento deixando a pessoa menos tensa, menos ansiosa e, normalmente, ansiedade, nervosismo e irritabilidade fazem com que a pessoa coma mais. Esse consumo alimentar excessivo leva à compulsão. A compulsão alimentar leva a pessoa a perceber que comeu demais só quando acaba, aí vem a culpa, que aumenta a ansiedade e não saímos dessa cascata. Além de que, ele melhora a atividade intestinal e quando pensamos em um intestino saudável o emagrecimento consequentemente acontece', afirma Edvânia
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Entre as receitas populares aquela que o fósforo faz bem para a memória é verdadeira. 'O fósforo é responsável pelas trocas elétricas que tem no nosso cérebro e mantém a gente ativo. Fonte assim está em grãos, raízes, sardinha, folhas escuras, que não são alimentos muito comuns. Então, nesse caso eu suplementaria, mas adequando com a alimentação também', destaca a nutricionista
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Para terminar, a ideia de que alguém que se alimenta mal está protegido com a suplementação de vitaminas e minerais não é real. 'Às vezes é necessária uma suplementação. Quando a pessoa não tem uma alimentação correta, passa por uma rotina intensa, aí suplementamos a deficiência. Mas as vitaminas e os minerais têm uma sinergia nutricional e é importante respeitar esse sinergismo para garantir uma boa absorção. Nada substitui uma alimentação correta, adequada e saudável', finaliza Edvânia Soares
Marcos Santos/USP Imagens