Em Campo Grande, violência sexual é maior entre meninas, mostra pesquisa

Dados evidenciam que o percentual de meninas que já teve alguma parte corpo tocado contra sua vontade é de 21%

BATANEWS POR CORREIO DO ESTADO / BIANKA MACáRIO


Porcentagens de violência é maior entre meninas - Arquivo

Em pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), revelou que o percentual de estudantes que sofreram alguma violência sexual é maior entre as meninas. 

Os dados apontam que 16% dos estudantes alegaram que alguma vez na vida alguém os (as) manipulou, beijou, expôs ou tocou partes do corpo contra sua vontade. 

Isso coloca Campo Grande na quinta posição entre as capitais brasileiras. Quando o percentual é medido por gênero a incidência é de 21,1% entre as meninas, enquanto entre os meninos a porcentagem é de 9,8%. 

Para Viviane Vaz, psicanalista e coordenadora do Projeto Nova, que atua no acolhimento de vítimas de violência sexual, o que pode mudar esse cenário é a conscientização que precisa ser incessante. “Infelizmente a sociedade tem uma cultura de domínio de crianças e adolescentes, que justifica atos de masculinidade predadora  e que objetifica a mulher para satisfação do homem. Tudo isso somado à falta de informação da criança que é por natureza: imatura, imperfeita, vulnerável, dependente'.

A psicanalista aponta uma falta de cuidado e preservação dos direitos de jovens e adolescentes. “Sem a informação de seus direitos e rodeado de adultos que a tratam sem respeito por sua identidade, é o que, a meu ver, tem causado todos esses números.  

A pesquisa também investigou a porcentagem de estudantes que sofreram algum tipo coação. 

Na Capital, 9,2% dos entrevistados alegaram que alguma vez na vida alguém ameaçou, intimidou ou obrigou a ter relações sexuais ou algum ato sexual contra sua vontade. 

Desse número, o percentual também é maior entre as meninas, com 12,5%. E 5,2% entre os meninos. 

Viviane evidencia que existe uma cultura em que o medo da violência determina o que a mulher pode ou não fazer. “A maioria das mulheres e meninas limitam seu comportamento por causa da violação, com medo da violência. Homens, em geral, não. Assim caminha a dinâmica da violação, a cultura do estupro se apresenta como um meio imposto, pelo qual toda a população feminina é mantida em uma posição subordinada à população masculina', enfatiza a psicanalista. 

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