Vírus da febre aftosa é detectado na Austrália

BATANEWS/REDAçãO


(Photo by Tony Lewis/Getty Images)

A febre aftosa volta a assustar os pecuaristas australianos. O governo daquele país anunciou que fragmentos do vírus foram encontrados em produtos à base de carne importados da Indonésia e da China. Basta um único caso positivo para destruir um setor que tem sido responsável por exportações de 27 bilhões de dólares australianos por meses e, talvez, anos.

Estimativas governamentais apontam que o prejuízo causado por um surto pode bater os 80 bilhões de dólares australianos. A doença infecta animais de casco fendido e não afeta a saúde dos seres humanos. Ele pode ser transportado em produtos de origem animal, incluindo carne e couro, e as pessoas podem carregá-lo em seus sapatos, roupas ou no nariz, onde pode sobreviver por até 24 horas.

O ministro da Agricultura da Austrália, Murray Watt, divulgou hoje que fragmentos do vírus da aftosa foram encontrados em um produto cárneo encontrado em um aeroporto, trazido por um passageiro da Indonésia.

Além desse fragmento, os produtos suínos que estavam à venda no CBD de Melbourne também foram encontrados durante as inspeções de rotina para conter fragmentos virais da febre aftosa e da peste suína africana – outra doença do gado que não circulou anteriormente entre os animais na Austrália.

“Detectamos a febre aftosa e fragmentos virais da peste suína africana em um pequeno número de produtos suínos à venda no CBD de Melbourne que foram importados da China', disse Watt na quarta-feira.

“Vários outros produtos suínos à venda no varejo já testaram positivo para fragmentos do vírus da peste suína africana. Fui informado que todos os produtos deste tipo foram apreendidos dos supermercados e de um armazém em Melbourne”, disse Watt. Ele acrescentou que os fragmentos virais não estavam vivos e não poderiam ser transmitidos.

O CEO da Federação Nacional dos Fazendeiros, Tony Mahar, disse que foi um alívio saber que somente fragmentos virais tenham sido detectados, mas acrescentou que isso mostra que a doença continua em circulação. “O risco é alto e continua aumentando”, disse.

O gabinete do ministro Watt disse que os fragmentos virais não são vivos e não podem ser transmitidos.

Um surto na ilha de Java, a principal da Indonésia, se espalhou para a ilha de Bali, popular destino turístico visitado por mais de um milhão de australianos todos os anos, aumentando o risco da ocorrência de um surto de febre aftosa na Austrália, o primeiro da história. 

Para tentar conter a chegada dos vírus das duas doenças por viajantes internacionais, o governo determinou a instalação de tapetes sanitários em todos os aeroportos e declarou que está aumentando a vigilância sobre produtos alimentícios trazidos em bagagens.

A febre aftosa infecta espécies de fazendas domesticadas, como porcos, gado e ovelhas, bem como espécies selvagens, incluindo camelos, porcos, cabras e veados. Causa febre, claudicação e lesões na língua, pés, focinho e tetas.

O vírus é altamente infeccioso, se espalha rapidamente entre o gado e pode sobreviver em objetos como pneus de veículos, caminhões de gado e equipamentos. O surto de febre aftosa no Reino Unido em 2001 forçou a destruição de mais de 6 milhões de porcos, vacas e ovelhas a um custo estimado de £ 8 bilhões (US$ 14 bilhões).

O Ministério da Agricultura da Indonésia confirmou a entrada da febre aftosa em Bali, com testes confirmando que 63 vacas foram infectadas em três locais ao redor da cidade. Os casos se somam aos mais de 317 mil já registrados na Indonésia.

O grande alerta está no fato de que Bali é um dos destinos turísticos de maior movimentação no mundo e está próximo da costa Australiana, um dos maiores produtores de carne bovina do planeta e concorrente direto do mercado brasileiro.

O governo federal pretende anunciar em 2026 o fim da obrigatoriedade da vacina contra febre aftosa em todos os Estados brasileiros. A afirmação foi feita na última semana, pelo ministro da Agricultura, Marcos Montes, em vídeo exibido no Fórum Pecuária Brasil realizado pela consultoria Datagro.

A meta de que o Brasil se torne totalmente livre da doença sem vacinação até 2026, já havia sido citada pelo ministro durante a abertura da 87ª edição da ExpoZebu, em Uberaba (MG), no final de abril. A medida tornaria o País livre da doença sem vacinação, o que é positivo para o mercado. “Anseio histórico do setor pecuário, mas que também vai nos permitir acessar mais mercados e, e em especial, aqueles que pagam mais', disse.

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