Ministério do Desenvolvimento bloqueou, em 2023, 60,9 mil famílias que recebiam Bolsa Família em MS

Cadastros das famílias que tiveram benefícios cortados apresentavam algum tipo de inconsistência no cadastro, de renda ou composição familiar

BATANEWS/REDAçãO


De março 60 mil famílias sul-mato-grossenses tiveram o benefício cortado - DIVULGAÇÃO

De março a dezembro do ano passado, segundo dados comunicados pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), 60.984 cadastros de famílias beneficiadas com o Bolsa Família, em Mato Grosso do Sul, foram bloqueados. Até novembro passado, indicou o governo federal, 215, 2,mil famílias sul-mato-grossenses recebiam do programa em torno de R$ 691,06 mensais. 

A informação acerca do bloqueio dos cadastros, isto é, que não mais receberam o benefício, foi noticiado pelo portal Metrópoles, neste domingo (14). 

Narrou o portal que os bloqueios, de acordo com o MDS, são referentes a famílias que apresentavam algum tipo de inconsistência no cadastro, de renda ou composição familiar, além de beneficiários com informações desatualizadas há muito tempo. 

O objetivo, informou o ministério, é reparar distorções no Cadastro Único, que é a porta de entrada para programas sociais do governo federal. 

Sustentou o Metrópoles que a reportagem foi produzida por meio de números obtidos junto à Lei de Acesso à Informação. 

Conforme o portal, no total, foram 8.423.205 beneficiários retirados do Bolsa Família no período - março a dezembro. A maioria das notificações ocorreu nas regiões Nordeste (3.762.332) e Sudeste (3.023.165), locais que concentram a maior parcela de beneficiários. 

O número de cortes anotados em MS é um dos menores da região Centro-Oeste. Enquanto o estado teve 60,9 mil cadastros suspensos, Mato Grosso, segundo o ministério, teve 96,9 mil benefícios bloqueados; Goiás, 153,3 mil  

Dados do Observatório do Cadastro Único, indicam que atualmente, 21 milhões de famílias recebem o benefício: 9,4 milhões delas estão no Nordeste e 6,2 milhões no Sudeste. 

São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro foram os únicos estados a superarem a marca do milhão de benefícios cortados. 

Informou a reportagem que o MDS explicou que a medida dos bloqueios faz parte de uma série de ações de “retomada” do Bolsa Família, que, segundo a pasta, foi “modificado e destruído” nos últimos anos.  

Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou irregularidades na gestão do Auxílio Brasil – o Bolsa Família do ex-governo de Jair Bolsonaro – e uma defasagem na atualização do Cadastro Único. 

Ainda conforme o portal, umas das principais inconsistências encontradas pelo governo, e apontada no relatório da CGU, é em relação ao aumento de famílias unipessoais — compostas de uma só pessoa — beneficiárias do programa de transferência de renda. 

“Às vezes, a família que foi suspensa, de fato, está com uma renda dentro do limite, porque é a mesma família, mas, operacionalmente, eram duas famílias [cadastradas]. E, aí, depois [após a correção], você coloca uma família com duas pessoas. Elas continuam sendo pessoas em situação de pobreza, mas agora estão com o cadastro corrigido. A renda dela continua baixa, mas agora está recebendo o valor correto por família. Antes, ela estava recebendo o dobro”, disse ao Metrópoles a diretora do Departamento de Benefícios do MDS, Caroline Paranayba. 

DADOS DE MS 

Com repasse do Governo Federal de R$ 148,58 milhões, o Bolsa Família chegou a 215,2 mil famílias do Mato Grosso do Sul a partir de 17 de novembro (mês de novembro passado), segundo informação da assessoria do goveno federal. O valor médio do benefício no estado é de R$ 691,06. O cronograma de pagamento nos 79 municípios sul-mato-grossenses segue até o dia 30, com base no final do Número de Identificação Social (NIS). 

A capital Campo Grande é a cidade com maior número de famílias contempladas: 60,8 mil, a partir de um investimento de mais de R$ 41,51 milhões e repasse médio de R$ 683,15. Em seguida, aparecem Dourados (14,2 mil beneficiários), Corumbá (10,2 mil), Ponta Porã (9,4 mil) e Três Lagoas (8 mil). 

O município com maior valor médio de repasse no Mato Grosso do Sul, no mês de novembro, é Paranhos, com R$ 820,88. Japorã (R$ 734,35) e Ladário (R$ 729,41) completam a lista dos três maiores repasses médios. 

O Benefício Primeira Infância, que prevê um adicional de R$ 150 a crianças de zero a seis anos, chega a 128,9 mil famílias no Mato Grosso do Sul em novembro a partir de um investimento de R$ 17,72 milhões. 

Já o Benefício Variável Familiar (BVF) Criança, um adicional de R$ 50, atende 157,6 mil crianças e adolescentes de 7 a 16 anos incompletos, com repasse de R$ 6,98 milhões neste mês. Outros R$ 1,34 milhão serão repassados ao BVF Adolescente, no mesmo valor de R$ 50, para 31,1 mil jovens sul-mato-grossenses entre 16 e 18 anos incompletos. 

Gestantes e nutrizes também integram a rede de proteção do Bolsa Família. Um total de R$ 338,12 mil estão reservados ao BVF Gestante, que atende quase 7,3 mil pessoas no Mato Grosso do Sul com repasse de R$ 50 a mais. Já o BVF Nutriz, também no valor adicional de R$ 50, é concedido às famílias com crianças de 0 a 6 meses. São 4,5 mil famílias, com investimento direto de R$ 217,15 mil. O apoio tem como objetivo reforçar a alimentação da família da mãe em fase de amamentação. 

NACIONAL 

Em todos os 5.570 municípios brasileiros, 21,18 milhões de famílias recebem o Bolsa Família em novembro. O repasse total do Governo Federal chega a R$ 14,26 bilhões. Em média, cada família conta com R$ 677,88 de benefício. O valor transferido em novembro é o quarto mais alto do ano. Nos primeiros 11 meses, o Governo Federal já repassou, ao todo, R$ 155,37 bilhões pelo programa. 

Correio do Estado