De volta à Seleção, Richarlison fala sobre má fase e saúde mental: 'Meu problema era fora de campo'

Atacante do Tottenham desabafa em entrevista coletiva e diz que terapia salvou sua vida

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Richarlison está de volta à Seleção Brasileira. O atacante do Tottenham concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (19), em Londres, na Inglaterra, onde o Brasil enfrenta os donos da casa no próximo sábado (23). Nesta semana, a comissão técnica da Amarelinha voltou a contar com uma psicóloga após 10 anos, e o jogador falou sobre como cuidar da saúde mental o ajudou a sair da má fase e até salvar sua vida.

Minha fala foi muito importante até para o pessoal da Seleção. Quando cheguei aqui já vi a psicóloga, nunca teve isso antes aqui. Foi importante. E o carinho que recebi das pessoas, a gente sabe o preconceito que tem quando a pessoa fala que está procurando ajuda, eu mesmo tinha esse preconceito, graças a Deus não tenho mais – declarou Richarlison.

- Como jogador da Seleção, que tem voz ativa, falo para as pessoas procurar mesmo porque ajuda. Posso falar porque salvou minha vida. Salvou minha vida de uma hora para a outra, estava no fundo do poço mesmo, sabe? É importante a seleção ter um psicólogo para ajudar os atletas. Só a gente sabe a pressão que sofre, não só dentro, mas também fora de campo. Eu mesmo sofri mais fora de campo. É importante ter um psicólogo perto da gente – completou o atacante.

Após a Copa do Mundo de 2022, Richarlison não viveu seu melhor momento no futebol e foi muito criticado pelas atuações durante a maior parte de 2023, tanto por clube quanto por Seleção. Além disso, o atacante rompeu com o empresário Renato Velasco, que o acompanhava desde o início da carreira.

- Meu maior problema naquele momento não era dentro de campo, era fora de campo, pessoas que estavam ao redor e acabaram me decepcionando. Mesmo morando na minha casa há sete anos, essa foi minha maior decepção. Graças a Deus, já passou. Estou vivendo um lindo momento e quero construir minha história de novo - afirmou o centroavante.

O Pombo ficou fora da última convocação da Seleção Brasileira, ainda com Fernando Diniz, para partidas contra Colômbia e Argentina, em novembro do ano passado. De volta à equipe, o atacante se disse mais forte mentalmente e fisicamente, após ter lidado com lesões e cirurgia.

– Eu passei meses de dificuldade por dores no meu púbis, muitos aqui na seleção viram, eu nem conseguia chutar a bola para o gol direito. Graças a Deus eu fiz essa operação, operei os dois lados do púbis, hoje me sinto 100%, voltei voando na Premier League, ajudando meu clube. Meses atrás, quando não fui convocado para a Seleção, falei numa entrevista que voltaria para a Seleção, trabalhei muito durante esses dias, hoje estou aqui feliz e consegui dar a volta por cima.

Confira outras declarações de Richarlison na entrevista coletiva da Seleção Brasileira:

– Como todos podem ver na minha rede social, nas minhas fotos só pode comentar quem é próximo de mim. Depois da Copa a perseguição veio muito. Hoje quem pode comentar nas minhas fotos e me mandar mensagem é quem eu quero. A perseguição foi muita, isso acaba afetando. A gente é ser humano, vê as coisas, vê a maldade no olhar das pessoas. Chegou um ponto em que até o professor Tite veio me chamar no avião e veio falar comigo. Antes de ir para a Copa no Catar, ele me chamou no avião e falou: 'não precisa se preocupar com as críticas, você é meu camisa 9 e eu confio em você.' Isso foi fundamental para eu chegar na Copa confiante, com liberdade, só tenho a agradecer ao Tite, foi o cara que confiou em mim, mesmo com as pessoas vindo criticar, rebatê-lo. Eu via em todas as coletivas e zonas mistas as pessoas procurando um camisa 9. O Tite me deu total confiança, acreditou em mim e eu acreditei nele, tanto que fui o camisa 9 dele na Copa.

– Falei isso porque sei meu potencial, sei como é vestir a camisa da Seleção, nunca deixei de sonhar para conquistar meus objetivos. Foi um momento em que eu estava passando por dificuldades, mas nunca deixei me abalar. Sabia que meu momento era difícil no clube e na Seleção, mas decidi trabalhar calado, recebendo críticas, mas sempre trabalhando. A cirurgia deu certo, voltei antes do esperado, trabalhei firme e hoje estou colhendo os frutos. Sou um cara trabalhador, quando venho para a Seleção dou minha vida, sei como é vestir a camisa da Seleção, o peso que carrego.

– Muitas pessoas viram uma arrogância (falar que era o dono da camisa 9), mas não fui na maldade, eu falei porque naquele momento eu era um dos artilheiros do ciclo, eu e o Neymar, e estava confiante. É claro que não estava vivendo um grande momento, talvez minha fala foi pesada porque eu não estava vivendo um grande momento, pesou para mim e as pessoas acharam arrogante. Faz parte do futebol, hoje estou de volta, espero fazer o meu melhor possível, é muito bom estar nesse começo de ciclo do professor Dorival. Espero ajudá-lo e também toda a Seleção.

– Não me arrependo de nada, ao mesmo tempo quando fui para as Olimpíadas eu vesti a camisa 10, dei conta do recado e ninguém falou nada. Não me arrependo de nada. Aqui na Seleção eu jogo com qualquer camisa, já joguei com a 21, a 7... para mim, não interessa a camisa, o que importa é estar em campo honrando a camisa, é o que vou buscar fazer sempre.

– Eu fico muito feliz de estar alcançando essa marca (50 jogos) com a camisa da Seleção, poucos jogadores tem números tão expressivos. Eu acho que tenho 20 gols fora as Olimpíadas. É uma marca expressiva, mas não quero parar por aqui, quero mais. Próxima marca são os 100 jogos e por aí vai. Estou muito feliz, espero continuar assim, evoluindo com essa camisa e conquistando vários títulos, que é importante.