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Análise: Santos cai nos próprios erros, vê pilar defensivo ruir e vive crise inesperada na Série B
Time afrouxa o ritmo na competição, acumula derrotas e volta a preocupar torcedor
BATANEWS/REDAçãO GE
O Santos afrouxou seu ritmo na Série B do Brasileirão e entrou, nas últimas rodadas, em uma crise inesperada e desnecessária na temporada, colocando à prova não só a reconstrução proposta para 2024, mas também o futuro do clube. São três derrotas seguidas na segunda divisão.
O favoritismo atribuído ao Peixe no início da competição hoje está distante de se confirmar em campo. Numa sequência para se esquecer (ou se lembrar e aprender), a equipe pode terminar a nona rodada fora da zona de classificação à Série A, ficando cada vez mais longe da primeira posição.
De mais chocante, ficam os 115 dias que separaram as duas derrotas para o mesmo Novorizontino sem que nenhuma lição fosse absorvida. Se no Paulistão a recomposição defensiva já havia sido um problema relevante, nesta sexta-feira o Peixe fez de longe sua pior apresentação do setor no ano e saiu derrotado por 3 a 1.
Nos últimos duelos, o Santos parece estar em uma rotação diferente dos rivais. Foram três partidas longe da Vila Belmiro, uma delas como mandante, no estádio do Café, em Londrina, e nenhum jogo com sobras físicas, táticas ou técnicas diante de América-MG, Botafogo-SP e Novorizontino.
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Pilar ruindo
De janeiro para cá, o Santos teve sequências não tão boas com problemas em diferentes setores, mas a zaga, até então, nunca havia sido de forma tão contundente um deles. Agora, parece ser. Em três jogos, foram sete gols sofridos.
A pior das apresentações foi justamente a atual: os três gols marcados pelo Novorizontino foram em falhas completas do sistema defensivo da equipe. No primeiro, não havia sequer um zagueiro dentro da grande área para evitar o contra-ataque e a cabeçada de Fabrício Daniel. Nem Gil, nem Joaquim.
Ambos estavam em ações ofensivas e não conseguiram retornar a tempo de evitar o pior, deixando o setor desprotegido e desfigurado. Gabriel Brazão saiu mal do gol e ainda não passou segurança sobre suprir sozinho, sem reserva a altura, a ausência de João Paulo por oito meses.
O pior viria com Rodrigo Ferreira, que, além de permitir a cabeçada de Fabrício, no segundo gol não conseguiu marcar Reverson na pequena área. Brazão, dessa vez, não saiu do gol para tentar desviar ou agarrar a bola. No gol derradeiro, nova falha. Gil parece até mesmo desistir do lance que terminou em cabeçada de Rafael Donato.
Se o técnico Fábio Carille sempre foi conhecido por montar defesas sólidas e tem Gil e Joaquim como bons pilares no setor até aqui, há um problema que precisa urgentemente ser corrigido.
Faltam emocional, perna e postura?
O jogo de sexta começou antes mesmo de a bola rolar. O elenco não gostou da logística montada pela diretoria para a partida e externou isso ao público por meio de Weslley Patati, que publicou em seu Instagram uma reclamação sobre a viagem de seis horas de ônibus de Londrina a Catanduva, no interior de São Paulo.
A atitude do jogador pegou mal externa e internamente. Mas ele não foi o único. O incômodo com o longo período fora de casa e a distância percorrida atingiu mais nomes.
Em campo, faltou perna ao Santos. Emocionalmente abalado pelas derrotas e fisicamente lento pela idade avançada de muitos de seus titulares, o time parece não se interessar de fato pela Série B como se interessou, por exemplo, pelo Paulistão.
No fim, o elenco saiu vaiado e sem conceder entrevista após o apito final, fugindo do protocolo.
Daqui em diante, sobrarão muitas viagens longas, distâncias chatas a serem percorridas e jogos complicados e pesados a serem disputados, mas o que está em jogo para o clube é muito maior do que o descontentamento ou a falta de ritmo particular de qualquer jogador.