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Cão morre durante transporte e tutora denuncia negligência de empresa
Família de Manaus pagou R$ 3,5 mil para trazer Duke até a capital sul-mato-grossense, mas animal não resistiu
BATANEWS/CGNEWS
Imagine pagar cerca de R$ 3,5 mil pelo transporte de um animal de estimação e descobrir, cinco dias depois, que ele morreu durante o trajeto de Manaus até Campo Grande. Este é o caso da estudante de odontologia Ericka Castro, de 25 anos, que enfrenta uma situação dolorosa para descobrir o que aconteceu com o cão Duke, de 8 anos. O relato da jovem, que mora na Cidade Morena, viralizou nas redes sociais durante a tarde desta quarta-feira (13).
Embora a jovem já resida em Campo Grande, a família de Ericka estava de mudança para a capital sul-mato-grossense Conforme relatado à reportagem, Duke foi embarcado na noite de terça-feira (5), por volta das 23h30. Durante os primeiros dias, a estudante não teve notícias do cão, pois a equipe responsável informou que estavam sem sinal de comunicação na estrada. No entanto, a partir de quinta-feira (6), começaram a surgir problemas: a empresa relatou que o cachorro estava agressivo e não conseguia sair da caixa de transporte.
Na sexta-feira (8), a notícia foi ainda mais trágica: a empresa comunicou que Duke havia morrido. O corpo do animal foi levado a um veterinário em Machadinho do Oeste (RO), onde tentaram reanimá-lo com adrenalina, mas sem sucesso. Em atestado de óbito entregue aos tutores, a causa da morte foi registrada como estresse.
'O Duke sempre foi um cachorro criado só com a gente da família, então ele nunca foi acostumado a sair. Ele era um cachorro grandão, e pelos fatos que já aconteceram, achamos mais seguro contratar um transporte terrestre. Minha mãe pesquisou, conversou, preencheu o formulário e assinou o contrato com a segurança de que era um bom serviço. Não haviam sinais negativos', discorreu a estudante.
Apesar disso, a tutora disse não ter sido informada de outras providências. 'A empresa alegou que o animal estava muito agressivo e que isso teria dificultado o transporte, mas a família contesta, afirmando que não houve tentativas adequadas de cuidado durante a viagem. Eles passaram provavelmente por Porto Velho (RO) e não avisaram a minha mãe. Já foram avisando que o cachorro tinha morrido. Ou seja, ele passou todo esse tempo, de terça até sexta-feira praticamente, sem sair da casinha'.
Ericka também questiona o fato de a empresa não ter tomado medidas alternativas, como buscar ajuda veterinária ou permitir que ela fosse até o local para resgatar o animal. 'Deixaram ele para morrer, definhado. Não passearam com ele, não alimentaram, não saíram com ele para fazer as necessidades fisiológicas dele e praticamente deixaram ele para morrer'.
O outro lado - A Mobily Pets publicou, também na tarde de hoje, nota onde discorre que a família de Ericka não mencionou a necessidade de medicar Duke para o transporte.
'A cliente nos informou que Duke era apenas ansioso e, às vezes, agressivo na presença deles, como um cão de guarda, mas que, na ausência deles, seria um animal tranquilo. [...] ao ser questionada novamente sobre medicamentos, a cliente não mencionou a necessidade de medicar o pet. Reafirmou que ele “era ansioso, e agressivo na presença deles. Longe deles, ele era tranquilo', e disse ainda que ele ia de carro veterinário. Contudo, apenas no ato do embarque, ao ser novamente questionada sobre medicamentos, a cliente informou aos motoristas que havia administrado um calmante no pet no dia anterior'.
Ainda no comunicado, a empresa de transporte afirmou que manteve contato com os tutores de Duke. 'Atravessamos a BR-319 com ele e mantivemos contato com a tutora, exceto nas áreas sem cobertura de rede. Devido à falta de informações precisas sobre o medicamento administrado, e considerando que o remédio não teve o efeito desejado para garantir a segurança do transporte, buscamos uma clínica veterinária em Rondônia, onde a morte foi constatada'
No texto, a Mobily Pets nega qualquer tipo de maus tratos em relação ao cão. 'A possível causa mortis, informada na certidão de óbito emitida pela clínica, não foi maus tratos, desidratação ou falta de alimentos. Nosso veículo utilizado para o transporte, é um veículo novo, refrigerado e tínhamos poucos pets no carro. Não havia super lotação, não havia calor excessivo. É importante ressaltar que a possível causa informada na certidão, foi um pico de estresse'.
Por fim, a empresa disse que não recebeu da tutora a informação do remédio dado ao Duke, tampouco a dosagem administrada. 'Lamentamos profundamente o ocorrido. Desde o momento em que ele começou a latir intensamente, comunicamos a situação à tutora, informando que estávamos em direção à clínica veterinária. Durante todo o processo, mantivemos a tutora informada'.
Para a reportagem, Ericka contesta o texto, alegando que o cão de oito anos foi deixado para definhar. 'O mais triste é saber que ele morreu pedindo ajuda, porque eles dizem para minha mãe que ele estava latindo muito dentro da caixa, ou seja, ele estava pedindo ajuda e ninguém tirou ele de lá. A gente não tem vídeo dele passeando, não mandaram vídeo dele comendo, só mandaram uma foto dele já morto', explica Ericka.
A família agora está em busca de justiça e, por meio das redes sociais, relatou o ocorrido para alertar outras pessoas sobre o que consideram negligência por parte da transportadora. A estudante já acionou advogados e afirmou que possui provas que contradizem as justificativas da empresa, incluindo áudios e vídeos que indicam falta de preparo da equipe para lidar com animais agressivos. Ela destacou ainda que Duke sempre foi um animal saudável e bem cuidado, o que torna a situação ainda mais difícil de aceitar.