Vai fazer um procedimento estético? Saiba como evitar ciladas capazes de destruir a saúde

Anvisa aponta que 60% das denúncias de irregularidades sanitárias envolvem esse tipo de estabelecimento

BATANEWS/VEJA


Cuidado antes de partir para um tratamento: maioria das clínicas vistoriadas pela Anvisa apresentou irregularidades (Mario Vedder/AFP/AFP)

Nas duas fases da operação “Estética com Segurança”, realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre fevereiro e julho deste ano, irregularidades graves foram encontradas em diversas clínicas e empresas ligadas ao mercado de estética. A primeira etapa já havia identificado botox vencido, seringas reutilizadas e até restos de sangue em equipamentos. Na segunda fase, que aconteceu na última terça-feira, 2, apenas 3 dos 38 serviços inspecionados estavam em conformidade com as normas sanitárias .

Foram encontrados medicamentos armazenados junto a alimentos e bebidas alcoólicas, produtos sem registro, vencidos ou com rótulos falsos, além de procedimentos complexos sendo realizados fora do ambiente hospitalar, como a plasmaférese — tratamento semelhante à hemodiálise em que o sangue da pessoa é retirado e o plasma é separado. As ações envolveram também a fiscalização de farmácias de manipulação e distribuidoras, com apreensões de produtos proibidos pela agência sanitária e produtos estéreis com embalagens rompidas sendo utilizados.

Nos últimos anos, a Anvisa constatou que os serviços de estética e embelezamento aparecem como os mais denunciados, com uma média de 60% das denúncias. Diante disso, a agência recomenda que as pessoas fiquem atentas e pesquisem bem antes de realizar qualquer tipo de procedimento estético. Os produtos utilizados nas intervenções precisam ter registro no Brasil e não podem estar vencidos nem mal armazenados, porque podem causar eventos adversos, além de lesões e queimaduras. Seringas não podem nunca ser reutilizadas pelo risco de infecções por doenças, como HIV e hepatites.

Veja cuidados ao escolher uma clínica de estética:

Checagem do registro profissional 

Antes de realizar qualquer procedimento estético, é importante verificar se o profissional está devidamente habilitado. Isso significa checar não apenas se ele tem registro ativo no seu conselho, mas se sua formação é compatível com os procedimentos que oferece. Por exemplo:

Esteticistas não podem realizar procedimentos invasivos, como botox

Embora o termo “procedimentos estéticos” possa dar a falsa impressão de que estão ligados a esteticistas, nem todos eles podem ser realizados por esses profissionais, como é o caso da aplicação de substâncias injetáveis e de procedimentos invasivos. Se esteticistas estiverem oferecendo serviços como preenchimentos, toxina botulínica ou aplicações intravenosas, tem algo errado nessa história e é bom ligar o sinal de alerta.

De acordo com a Anvisa, por meio de nota técnica divulgada em 2023, esses profissionais só podem realizar procedimentos externos. Ou seja, não estão autorizados a aplicar nada que altere a forma de qualquer parte do corpo. “Ficam restritas atividades como corte de cabelo, alisamento, maquiagem, depilação e estética corporal, entre outras”, afirma o órgão.

Isso ocorre porque esteticistas não são considerados profissionais de saúde. Nessa categoria entram pelo menos cinco profissões, sendo as mais comuns os médicos, biomédicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos, desde que possuam especialização nos procedimentos que realizam.