Saúde
Ao cuidar de filhos contaminados, arquiteta de MS pegou covid duas vezes: 'fiquei bem assustada'
Profissional de 41 anos relatou que a doença veio mais forte na 2ª vez
BATANEWS/MIDIAMAX
A arquiteta Ana Paula Cardozo de Oliveira, 41 anos, é um exemplo de quem se contaminou duas vezes com a covid. Nas duas ocasiões, a profissional contraiu a doença enquanto cuidava dos dois filhos.
Ao Jornal Midiamax Ana Paula relatou que a primeira vez que se contaminou foi em julho do ano passado. 'Senti mal-estar, fiquei febril e tive dor de cabeça, fiz o exame e deu positivo', conta, completando que contraiu a doença enquanto cuidava da filha. 'Por estar no mesmo ambiente que ela, acabei pegando'.
Já no final de março, a arquiteta precisou, novamente, dividir o ambiente com um infectado, dessa vez, seu filho. 'No serviço, ele teve que tirar a máscara para comer e, no refeitório, havia um senhor infectado. Mesmo usando 2 máscaras e mantendo o quarto dele fechado, pois passava as coisas para ele pela janela', relatou.
Preocupada, procurou um médico, que explicou que, por se tratar de um vírus, a propagação é muito rápida. 'Provavelmente, minha imunidade baixou e acabei pegando novamente', contou.
Achar que por já ter sido infectado uma vez e pegou anticorpos que irão te proteger em caso de uma possível reinfecção é um engano. No caso de Ana Paula, a segunda vez foi pior que a primeira. 'Foi bem diferente. Não tive problema respiratório, mas fiquei com a face congestionada, tive ciclo de pressão atípica, perdi olfato e paladar e uma dor de cabeça insuportável', lembra.
Além de não fazer parte do grupo de risco e tomar os cuidados de biossegurança, a arquiteta mantém uma rotina de cuidados com a saúde. 'Sempre me alimentei muito beem e treino crossfit. Acredito que, por conta da minha saúde, me ajudou bastante [a não evoluir para um quadro mais grave]. Acho que ajudou na conservação do meu organismo', conta.
Para conseguir detectar o coronavírus novamente em seu organismo, a profissional conta que precisou passar por três hospitais. 'Na 1ª vez, fiz exames e deu positivo. Na 2ª, fui em 3 hospitais, fizeram exames de tudo o que tinha que fazer, mas estava bem, meu PCR estava ótimo. Porém, não estava bem. No domingo de Páscoa me chamaram para passar com a família, mas falei que não estava me sentindo bem, não fui. Nesse dia, fui em uma farmácia e fiz o exame do cotonete. Na hora detectou positivo', relata.
Então, a arquiteta deixa o alerta. 'Se cuidem. Não sei se semana que vem, mês que vem vou pegar de novo. Não tem comprovação de que não vou pegar mais. Fiquei bem assustada', pontuou.
Apesar de já ter sido comprovada cientificamente, a reinfecção tem risco incerto. Um dos problemas é que muitos dos infectados na primeira vez não fizeram testes. Isso dificulta a análise de um cenário mais real.
Em geral, a maior parte das pessoas também não foi internada ou tratada em hospitais, o que abre uma lacuna nos registros dos bancos de dados. Pesquisadores afirmam que as variantes que estão em circulação aumentam o risco de reinfecção.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a segunda infecção por Covid-19 pode provocar sintomas mais fortes que a primeira.
O estudo mostrou que pessoas infectadas pela primeira vez com sintomas brandos ou nenhum sintoma podem não produzir uma resposta imunológica específica, ficando suscetíveis a uma segunda infecção – inclusive ocasionada pela mesma linhagem viral.
No geral, a maioria dos estudos mostram que as pessoas têm sido infectadas duas vezes. Entretanto, ainda é necessário mais tempo para concluir se é possível sofrer várias infecções como ocorre com o vírus da gripe, por exemplo.
Diante da falta de provas mais concretas e estudos, médicos orientam que as medidas de prevenção como distanciamento social, uso de máscara e higienização devem continuar, mesmo em quem foi reinfectado.